A relação entre inverno, vitamina D, depressão e Portugal

Descobre a relação entre o inverno, a vitamina D, a depressão e Portugal

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24.11.2023
vitamina D
 

O que unirá tópicos como a depressão, Portugal, vitamina D e o inverno? Tudo! Para termos a imunidade perfeita e melhorar o nosso nível inflamatório, temos de ter depósitos de vitamina D. E, em Portugal, durante grande parto do ano, a incidência solar é muito fraca. O que faz com que, em Portugal, tenhamos a maior taxa de polimorfismo e depressão da Europa. Por isso, precisamos um pouco mais desta vitamina D do que a média. E é disso que vamos falar.

 

O ser humano é uma máquina perfeita de funcionamento e autorreparação. Desde nossa criação e com a adaptação evolutiva, a nossa espécie atingiu um estado pleno de equilíbrio, saúde e longevidade. Porém, nas últimas décadas, é cada vez mais frequente o aparecimento de doenças cardiovasculares, autoimunes, oncológicas e neurológicas, que afetam a qualidade e o tempo de vida de grande parte da população portuguesa.

Porque será que estas doenças, tão raras há algumas décadas, se tornaram tão prevalentes?
Porque será que a medicina evolui tanto e as pessoas morrem cada vez mais destas afeções?

 

A resposta pode estar no raio de luz que entra pela nossa janela, todos os dias pela manhã. Na energia do astro-rei. Com toda a sua magia e potência. A exposição solar, junto com os benefícios que esta cria no nosso corpo, é cada vez mais subestimada e, é muitas vezes desencorajada por profissionais de saúde, mas é um dos maiores pilares para promover saúde de forma natural no nosso organismo.

 

Importante que este contacto com a radiação solar seja diário, consciente, moderado e em horários ideias para a produção no nosso corpo da vitamina D, uma das mais potentes hormonas promotoras de saúde, e que foi erradamente chamada de vitamina. Existe uma variação individual, de acordo com a idade e cor de pele, mas, em média, esta deve ser de aproximadamente 20 minutos, entre as 11 AM e as 14 PM, numa superfície corporal de no mínimo 50%, sem tecidos ou protetores solares nessa região.

 

Mas atenção, aqui em Portugal, estamos numa latitude de 37 a 40 graus norte, logo, a radiação solar tem uma incidência muito fraca entre os meses de outubro a março, logo se faz necessário, para a grande maioria das pessoas, uma suplementação com cápsulas ou gotas de vitamina D, em veículo oleoso, pois essa é uma vitamina lipossolúvel (dissolve-se em gordura) e que deve ser tomada à refeição.

 

Esta orientação é ainda mais importante aqui no nosso país, que tem uma prevalência de polimorfismo de recetores de vitamina D (VDR) (para explicar o que é isso, em resumo, diria que é um defeito na fechadura onde entra a vitamina D) sendo quase 10% maior que a população europeia (dados do estudo VITACOV realizado na época da pandemia do COVID)

 

Logo, aqui em Portugal necessitamos, mais do que em qualquer outro país europeu, de uma suplementação em doses ideias para prevenir morbimortalidades relacionadas. Diria de no mínimo 5000U para todas as pessoas, mas vale sempre lembrar que existe uma individualidade bioquímica e encontraremos pessoas a necessitar menos e outras terão uma necessidade muito maior. Essas orientações são apenas generalistas e isso só deve ser determinado numa consulta, junto de um profissional de saúde.

 

A falta dessa hormona, chamada de vitamina, está intimamente relacionada, no inverno, com as frequentes infeções virais que acometem grande parte da população (já que esta estimula no nosso corpo antimicrobianos naturais, chamados de catalecidinas e defensinas), assim como aumenta a resposta da nossa imunidade inata de defesa contra patógenos. E também esta relacionada com o aparecimento das depressões sazonais. Níveis ótimos de vitamina D estão intimamente ligados ao nosso humor e disposição. Isso acontece, entre outros motivos, pois essa sensação de bem-estar é gerada com níveis ótimos de um neurotransmissor chamado serotonina. E esta substância para ser produzida, depende de uma enzima (chamo de um funcionário) chamada triptofano-hidroxilase, cujo salário que necessita para trabalhar é, entre outros, a vitamina D.

 

E ainda, ao produzir a serotonina, aumentas a produção de outra hormona poderosa chamada melatonina e o teu sono também se regula positivamente.

 

O contato com o sol também modula os níveis de cortisol, equilibra a tensão arterial, pela estimulação da produção de uma substância chamada oxido nítrico, regula o metabolismo do cálcio, fortalecendo os dentes e ossos, entre outros.

 

Poderia ficar aqui horas a escrever sobre as maravilhas desta hormona, e já falei aqui, algumas vezes, sobre a mesma – que tem recetores em todas as células do nosso organismo (isso demostra a importância desta) e que tem, segundos os mais recentes estudos, controle sobre aproximadamente 10% do nosso código genético, quase 2000 genes. Mas o recado deste artigo é: não subvalorizes esta “vitamina “e conversa com teu profissional de saúde de confiança a respeito da avaliação e suplementação desta poderosa substância que existe na natureza para nos proteger.

 

Vamos retornar às nossas raízes e voltar a apanhar sol diariamente, enraizar no solo, abraçar árvores, mergulhar em águas frias de cascatas, olhar a linha do horizonte e admirar o mar. Esses hábitos são uma terapia antisstress, fazendo este “fio terra”, descarregas a tua carga alostática (excesso de cortisol acumulado no corpo) e tuas hormonas voltam a funcionar com harmonia. O ambiente natural é desprovido de radiações prejudiciais ao nosso corpo, ele “re-energiza-nos”.

Essas mudanças de hábitos otimizam a tua energia, imunidade, qualidade de vida, sono, etc. e assim entras num círculo virtuoso de saúde e bem-estar.

 

Colocar coisas que nos fazem bem, através de hábitos e alimentos saudáveis e retirar, ou minimizar a entrada – no nosso organismo – de coisas que nos desequilibram e fazem mal. Muito simples, muito primitivo, mas muito eficaz. É na simplicidade que está a verdade. É no nosso enraizamento e retorno às nossas origens que está o segredo para deixar o nosso corpo voltar a ser a máquina perfeita que foi desenhada por tantas e tantas gerações.

 

Rodrigo Ayoub

Enquanto criança, o Rodrigo Ayoub cresceu rodeado por tertúlias que o seu pai, também ele médico, organizava em sua casa. O tema era a saúde – uma saúde que devia ser promovida pela otimização dos estilos de vida com base na prevenção e na longevidade.

As sementes deixadas pela sua infância e todo o fascínio desenvolvido pelo tema, fizeram com que o Rodrigo se formasse em Medicina Ortomolecular, pelo instituto de Medicina Ortomolecular no Rio de Janeiro (Prof. Helio Póvoa) em 1994. Formado em Medicina pela Universidade do Rio de Janeiro em 1997.

Formado em Medicina Ortomolecular Pós graduado em Medicina e Cirurgia Cosmética pela Universidade de Barcelona (2000), é professor da Pós Graduação de Modulação Hormonal em Portugal.

Atualmente, é, também, criador do Club Ayoub, do Método de Emagrecimento Saudável online, do programa “O Manual Completo do Jejum”, que ajudam milhares de pessoas pelo Mundo com a sua visão ampla e integrativa.