#1 Maratona de Barcelona: tudo o que senti durante um Longo de 23 Km’s – dobem.

#1 Maratona de Barcelona: tudo o que senti durante um Longo de 23 Km’s

Do BemDo Bem
Leia este artigo em: 5 mins
26.04.2022

O MEU PRIMEIRO LONGO FORAM 23 KM JUNTO À RIA DE AVEIRO

À primeira vista este até podia ser mais um episódio de um treino longo a caminho de uma Maratona como já o fiz noutras preparações. Podem ver aqui alguns desses episódios. 

Porém, este tem contornos diferentes. 

A abordagem deste episódio não está focada na minha alimentação antes da prova, nem no descanso e suplementação. 

O que quero partilhar, através de momentos reais, sem qualquer tipo de edição de vídeo (nos momentos certos), é exatamente tudo o que sinto ao longo de vinte e três quilómetros. E isto só foi possível porque o Paulo e a carrinha do Run4Excellence acompanhou, ao segundo, toda a minha corrida com o meu camarada e “lebre” Lícínio. Todo este trabalho de equipa tornou fácil para o Rodolfo (o editor de vídeo da DoBem) registar todos os momentos de várias perspetivas: ora a correr comigo, ora acompanhando a minha jornada na carrinha. 

E o resultado foi este: 

momentos de alegria e entusiasmo, mas também momentos de concentração e de muita resiliência para me aguentar de uma forma constante. Mesmo quando nos sentimos em forma, não deixa de ser duro. 

E sabem porquê? Porque a “máquina” não é só física: é mental e emocional. Se não soubermos trabalhá-la a nossa favor nunca vamos conseguir beneficiar das sensações que um treino nos traz. 

PORQUE DECIDI FAZER ESTE VÍDEO?

Porque queria mostrar-vos que custa a todos. Que muitas das vezes também me passa pela cabeça parar. Que muitas das vezes quem nos ajuda a superar não é a motivação nem a paixão pelo treino, mas sim a consistência. E mostrar também que a consistência também nos traz muitas alegrias e força. 

Sabem…por vezes pouco importa o ritmo a que fazem o treino. A superação não pode estar apenas no pace. Para corredores recreativos como nós, que têm uma vida com tantas outras obrigações e desafios, a superação está apenas em começar e fazer o melhor que conseguimos e sabemos, dentro do nosso contexto. 

E depois há dias em que conseguimos juntar o melhor de dois mundos. E aí a magia também acontece. Foi o caso deste treino. Este foi um momento lindo do meu dia. 

Cumpri ao mais alto níBel. Porque me superei e, sobretudo, desfrutei.

VOU CORRER UMA MARATONA NO DIA DO MEUS ANIVERSÁRIO

8 de Maio 2022. 

Neste dia completo 36 anos de vida e, por coincidência, vou correr a Maratona na cidade de Barcelona. 

Tenho bem presente no meu coração a forma alegre e motivadora como terminei a minha última maratona. Foi no dia 5 de Dezembro de 2021, em Valência. Foi precisamente por ter tido tão boas sensações que o Paulo, o meu treinador de corrida, me desafiou a correr uma próxima na primeira meta deste ano. E, ao contrário das outras vezes, a escolha de Barcelona teve simplesmente a ver com o melhor mês para mim, para fazer uma prova. E dentro do mês de Maio acabei por optar por Barcelona: uma escolha não apenas minha mas também das minhas camaradas de corrida.

Com certeza! Sozinha não vou. A Catarina, a Carla, a Fernanda e a Ana Filipa juntam-se a mim para esta aventura. E é também tudo isto que me entusiasma. Saber que durante os meses de preparação estamos todos a correr por um objetivo e que esse objetivo será feito em comunidade, mesmo sabendo que a jornada é só minha. 

MUDEI O MEU MINDSET: JÁ NÃO CORRO LONGOS DE 30 KM’S

Se há algo que me motiva desde que treino com o Paulo Colaço, é sentir e saber que a minha fadiga, seja ela qual for, nunca será fruto de excesso de treino ou falta de descanso. Por outro lado, tem sido surpreendente, durantes estes meses de preparação, as adaptações do meu corpo a uma nova forma de treinar e a mudança do meu mindset: 

O caminho para correr mais e melhor em distâncias de 42,195m não passa pelo excessivo volume de treino a nível de quilómetros nas pernas, mas sim pelas intensidades certas, ajustadas ao nosso ADN e estilo de vida. 

Longe vão os tempos em os meus longos eram entre 30 a 35 km’s. E ainda mais longe vãos os tempos em que os fazia mais do que duas ou três vezes durante a preparação. Não existe certo nem errado, mas sim aquilo que é o mais certo para nós. 

Hoje corro com mais intensidade mas durante menos tempo. Pode até parecer estranho e até acharmos que não faz muito sentido. Mas só quando nos predispomos a tentar e entregar a pasta a alguém que nos entenda (e que entenda do que está a falar), que realmente vamos sentir mudanças. E só depois de sentirmos essas mudanças é que podemos fazer um juízo de valor sobre o que resulta ou não. 

Eu abracei esse desafio, essa mudança de mindset. E a verdade é que hoje sinto-me mais feliz a correr.

Porquê?

Porque enquanto corro sinto uma velocidade prazerosa (em longa distância) fruto de umas penas leves e um core forte. E tudo isto torna-me muito mais económica a correr. E ser económica é conseguir correr mais e melhor recrutando muito menos energia. 

Eu em tempos disse ao Paulo que ele está a tornar-me, do ponto de vista de performance, na corredora mais sustentável do Mundo 😉

Vou deixar-vos aqui uma explicação muito simples do Paulo sobre este tema que acabei de partilhar:

A tentação de copiarmos o que fazem os melhores do mundo é muito grande, e como não conseguimos copiar a velocidade a que correm, optamos por fazer a mesma distância na realização de treinos longos. Mas se fazemos as mesma distância que eles fazem, e porque o vamos fazer de forma mais lenta, na verdade vamos correr muito mais tempo do que eles e fazer muito mais apoios para a mesma distância. Algo não bate certo… Se não estamos tão bem preparados, porque nos confrontamos com a mesma distância e não optamos pelo tempo de corrida? Porque não procuramos tirar a vantagem de assimilar uma corrida mais correta nesses treinos longos em vez de nos “arrastarmos” por distâncias desajustadas para a nossa realidade? O grande desafio é mesmo este, ou seja, entendermos o que encaixa no nosso treino e na nossa vida e não de copiarmos o que se faz noutros contextos bem diferentes do nosso.

Paulo Colaço, o treinador