O “poder” de consumir fora de época é mais um daqueles poderzinhos que o homem insiste em manter. E não é mais do que isso. Um poderzinho.
“Eu quero comer morangos em Dezembro”!
A única razão que consigo descortinar para esta assunção de autoridade é mesmo o facto do homem estar convencido de que consegue controlar a natureza.
Puro engano.
A natureza também tem o seu quê de perversa! Não mostra descontentamento na primeira agressão, nem na segunda, nem na terceira … por alguma razão, a paciência é uma das suas principais características. Vai deixando andar até atingir o limite de saturação e aí, sem aviso prévio, põe o homem na linha.
Mas não é só por uma questão de consideração pela natureza que devemos respeitar a época dos alimentos. É também por respeito pela nossa saúde. Uma alimentação saudável tem como base o consumo de produtos na sua época.
Porquê?
Mas voltando ao que a natureza nos reserva em cada uma das estações do ano vamos perceber o sábia que é e a falta de senso que mostra quem não a ouve.
Se nas estações frias precisamos de nos proteger das gripes e constipações então nada melhor do que termos à nossa disposição produtos ricos em vitamina C. E não é que é mesmo assim? Todos sabemos que é no inverno que chegam todos os citrinos, mas também as couves. Sabias que as couves são também uma super fonte de vitamina C? Pois é verdade. E lá estão elas à nossa espera no Inverno.
Já no verão é o oposto. Querem-se é produtos frescos, que se possam comer crus, que tenham sumo e cor. E é assim que eles nos chegam. Por isso a maior parte deles são frutos. Sabias que todos os produtos da horta que têm sementes são frutos? Sejam o tomate, o pimento, as beringelas, a courgette, a abóbora …. podemos concluir que 80% os produtos da horta de verão são frutos.
Então, assim seja.
Os produtos e as frutas de outono começam a preparar-nos para o Inverno. Começam a ser mais quentes, mais substanciais, mais calóricos. É um adeus à frescura dos produtos de Verão que ajuda a suportar o calor e um aconchego aos dias mais frescos. É altura da abóbora, da batata doce, dos diospiros, das maçãs, das nozes, das romãs …
O contrário acontece na primavera com um “olá” ao verão dado pelas ervilhas, favas e espargos …, pelas cerejas, nêsperas e ameixas …
Enfim, tudo no seu tempo e a seu tempo.
Nós só temos que nos deixar levar e respeitar. Ficamos todos a ganhar.
E não se esqueçam: há mil e uma formas de conservar produtos de uma estação para a outra.
Produtos frescos só na época. Produtos conservados todo o ano.
A Luísa não consegue viver sem criar e tem uma enorme capacidade de resiliência: é raro haver alguma coisa que a faça baixar os braços. Os desafios são o seu combustível.
O melhor convite que lhe podes fazer é para um jantar com um bom vinho ou uma viagem pelo mundo à procura de quintas biológicas – o seu vício.
Há dias em que se sente a dona do mundo, outros em que o mundo lhe cai em cima. Há quem diga, que a Luísa é uma pessoa fria e, por vezes, bruta. Ela tende a discordar: é a emotividade à flor da pele e chora de emoção, se o estiver a sentir.
Só há um assunto que lhe tira o sono: as “tristezas” dos seus filhos.