Tenho a playlist perfeita para correr!

Tenho a playlist perfeita para correr!

Nunca usei uma playlist de músicas para correr. Sei que parece uma contradição, principalmente para quem me segue e sabe o quanto adoro música. Basta entrar num sítio onde esteja a tocar uma das minhas canções favoritas para começar a dançar.
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17.02.2019

Eu acredito que correr desperta as nossas melhores emoções, da mesma forma que uma boa playlist de música também traz ao de cima o melhor de cada um de nós. Não faltam estudos que comprovam que, tanto durante a corrida como quando ouvimos uma das nossas canções favoritas, libertamos hormonas de felicidade. Mas a verdade é esta: eu, Isabel Silva, não ouço música enquanto corro, e não é por nenhuma razão em especial, até porque durante os treinos no ginásio e nas aulas de grupo estou sempre a ouvir música, e tenho perfeita noção de que isso melhor a minha performance e me motiva a dar o melhor de mim.

Tudo isto pode parecer altamente contraditório para vocês, e até podem achar que sou maluca e já estar a pensar “então mas se ouvir música te faz a dar o melhor de ti nos treinos do ginásio, porque é que não ouves durante a corrida?”, mas para mim há uma explicação muito simples. É que, se por um lado a música me dá energia e me motiva a correr mais — então se estiver a dar uma daquelas canções que adoro, melhor ainda —, por outro sinto que também pode ser um fator de distração.

Pensem nisto: neste momento estou a preparar-me para a Maratona de Londres — vejam aqui o vídeo onde falo deste desafio — e tenho de me preparar para fazer determinados tipos de treino, com tempos e ritmos muito específicos que tenho de respeitar. Se começar a ouvir música, cresce em mim uma vontade de fazer um sprint quando, na verdade, tinha de manter um ritmo mais lento e, ao fim ao cabo, a música acaba por me atrapalhar.

Claro que isto que vos estou a dizer não é uma verdade absoluta. Tudo isto muda de pessoa para pessoa e posso até dizer-vos que tenho amigos, excelentes maratonistas e corredores, que estão sempre a ouvir uma playlist durante os treinos. Só que eu sou uma pessoa muito focada e sei que, se fizer um esforço, até conseguirei ouvir música durante os treinos, mas sinto que, para já, essa não é uma prioridade para mim.

Tudo isto para vos dizer que tenho perfeita noção que a música nos estimula durante os treinos e há estudos que o comprova. Em 2015 foi publicado o resultado de uma pesquisa do “Journal of Strenght and Conditioning” onde se concluiu que a música pode melhorar a prestação dos corredores durante e depois de uma corrida de cinco quilómetros. Um outro estudo, da “Psychology of Sports and Exercise”, explica também que a música funciona como ferramenta de motivação para atletas que fazem treinos de grande intensidade.

Apesar de não correr durante os treinos, nas maratonas, durante aqueles 42 195 metros, a música tem um papel muito importante na minha performance, e vou dar-vos um exemplo disso mesmo. Para quem nunca correu uma maratona, ao longo da prova há várias bandas e colunas a passarem música em pontos estratégicos do percurso, em zonas mais críticas, que é quando começamos a acusar algum cansaço ou desgaste, para que tenhamos ali um boost de motivação que nos dá a energia e força que precisamos para continuar.

Quando corri a minha segunda maratona, em Roma, aconteceu o que mais temia ao quilómetro 15 e senti uma ligeira impressão no Tendão de Aquiles. Comecei logo a pensar “se já estou com esta dor agora, imagina quando chegar aos 30 quilómetros”. Só tinha uma certeza, eu não queria desistir daquela prova e tinha de dar tudo por tudo. Eis que, uns metros mais à frente, aparece a mascote da prova a dar-me um high five e a gritar para continuar e dizer-me que ia conseguir. Se isto já tinha sido um grande boost, tudo mudou quando uns quilómetros mais à frente estava uma coluna a tocar uma das minhas canções favoritas de sempre, a “Space Cowboy” dos Jamiroquai.

Malta, vocês acreditam que assim que passei aquela coluna a dor desapareceu? Não sei explicar bem o que aconteceu, e até pode ter sido só efeito placebo, mas assim que ouvi fiquei cheia de adrenalina e com uma alegria e felicidade tão grande que pensei “mas qual dor qual quê? Estou ótima!”. O que é que fiz? Acelerei. Percebem agora porque é que digo que a música pode provocar estes desequilíbrios? Claro que, alguns metros mais à frente fui abrandando para não ficar demasiado desgastada, mas hoje percebo que se não fosse aquela música, não sei se teria tido forças para acabar a prova.

A mensagem que vos quero deixar, acima de tudo, é que devem ser ponderados e aprender a usar a música da melhor forma possível e fazer dela uma boa influência na vossa performance. Mesmo que não use a música durante as minhas corridas, uso-a nos meus treinos, como já vos expliquei. E digo-vos mais, pessoal, no meu E-FIT Isabel Silva, que está quase quase a abrir — espreitem aqui como estão a correr as obras — também vão ter lá várias playlist que podem pedir para porem a tocar e que vos vão dar motivação para o treino. Se costumam treinar no EFIT da Expo, já lá têm a playlist da Belinha, que criei há dois ou três anos e ouço sempre que vou lá treinar.

No seguimento disso, e por acreditar que a música nos alimenta e é sinónimo de energia, partilho convosco uma seleção de algumas das minhas canções preferidas de sempre, uma playlist incríBel de vários estilos, desde o pop à eletrónica ao rock e até um toque de disco, e que gosto de ouvir quando estou a fazer desporto. Podem pensar que algumas delas não são assim muito enérgicas, mas para mim são e, sempre que as ouço, tenho uma vontade súbita de me mexer, de sair do sofá e de ir fazer exercício.

Espero que esta playlist vos inspirem a correr e, se tiverem outras canções que gostem, partilhem-nas comigo para que possamos encher-nos de energia juntos.

Isabel Silva

A Isabel Silva nasceu a 8 de maio de 1986 e é natural de Santa Maria de Lamas. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e fez uma pós-graduação em Cinema e Televisão pela Universidade Católica. Fez um curso de Rádio e Televisão no Cenjor e foi o seu trabalho como jornalista e produtora de conteúdos na Panavídeo que a levou para a televisão, em 2011. Durante 10 anos apresentou programas de entretenimento e, de forma intuitiva e natural, percebeu que aquilo que a move é a criação de conteúdos que inspirem, motivem e levem os outros a agir. Tem uma paixão enorme por comunicar e tudo o que comunica está intimamente ligado a uma vida natural carregada de energia, alegria e simplicidade.

É autora dos livros “O Meu Plano do Bem”, “A Comida que me Faz Brilhar”, “Eu sei como ser Feliz” e da coleção de livros infantis “Vamos fazer o Bem”.

Descobriu a paixão pela corrida em 2015, em particular pela distância da Maratona – 42.195m. Tem o desejo de completar a “World Marathon Majors” que inclui as 6 maiores Maratonas do Mundo. Já correu Londres, Boston, Nova Iorque e Berlim.

A 14 de Dezembro de 2016 lançou o blogue Iam Isabel e que hoje, numa versão mais madura, mas igualmente alegre e enérgica, é o canal DoBem.