Maratona de Berlim, dia 1: Algo não estava bem

Maratona de Berlim, dia 1: Algo não estava bem

Vou, finalmente, partilhar contigo a minha experiência na Maratona de Berlim.
Leia este artigo em: 3 mins
09.10.2018

Na verdade, a Maratona de Berlim não foi uma maratona, foi uma ultra-maratona graças a uma ligeira distração minha. Mas olhem que para correr 43,3km a 4’33’’ min/km é preciso foco, persistência, fé e sempre muito entusiasmo. Mas isso é comigo.

Primeira dúvida que deve andar por esses lados: mas porque é que demorei duas semanas a partilhar este incribel texto? Numa palavra: trabalho. Projetos lindos que estão a surgir na minha vida e que me dão vontade de agarrar com todas as ganas. E acreditem que, apesar da minha concentração e vontade de respeitar o meu calendário de treinos, quando existem outros projetos, trabalho, pessoas à nossa volta, torna-se mais difícil respeitar a qualidade de treino. Acho honestamente que foi essa distração contínua que me fez, no dia da prova, sentir que, se calhar, não estava capaz de correr uma maratona a uma média de 4’27’’ min/km. E não estava. Não porque não estivesse preparada fisicamente, mas porque a minha mente andava e anda ocupada com outros pensamentos.

A preparação para uma maratona é uma alegria imensa, mas também uma grande responsabilidade. É uma escolha que fazemos, que vai exigir muita atenção, vai sugar muita da nossa energia e tirar-nos muito do foco de outras coisas. No meu caso, acabou por correr tudo bem porque já vou para a minha sexta maratona, o que faz com que já tenha errado muito, aprendido muito. Conheço bem o meu corpo e felizmente, sei escutar os sinais, muito antes de bater no muro. Mas vamos por fases.

A minha fase de Tapering

Este é um dos momentos mais importantes na minha preparação para maratonas. E escrevo esta frase de forma assertiva porque foram várias as vezes em que não a respeitei. Podem ler aqui o meu artigo sobre este tema.

Na preparação para esta Maratona de Berlim, um dos meus grandes desafios foi respeitar as horas de sono, porque é durante o sono (e falo-vos no sono mais profundo) que os nosso músculos descansam e regeneram. E o que é que me acontece quando passo dias sem respeitar o sono? Ando mais irritada, tenho fome emocional, sinto-me inchada, com a sensação de que engordei, sinto-me sem explosão e reação nos treinos, tenho mais facilidade em contrair lesões, sinto que tenho pouco foco no trabalho. Até o Caju topa, porque sente que não estou tão disponível para ele.

Isto aconteceu-me nos últimos 15 dias antes da partida para Berlim. Nesta fase, o treino está feito, e o mais importante é descansar, comer na dose certa e dormir todos os dias, pelo menos, 8 horas, sem interrupções. Eu até descansei, comi bem e até dormi todos os dias. O problema é que dormi pouco e levei o trabalho para a cama. Entendem? Vou dormir a pensar em trabalho. Acordo a meio da noite para fazer um “pips” e penso em trabalho. Volto a dormir, mas já não é a mesma coisa. Entretanto, acordo cedo  para treinar e sinto-me cansada. Diria que isto me aconteceu pelo menos umas oito vezes durante 15 dias. É muito tempo. E o meu corpo acusou. Percebi isso no ultimo treino antes da maratona, quando corri 30 minutos e fiz quatro retas para ativar a máquina. Senti o corpo a dizer-me: “Hum, amanhã não é o dia para ires a 4’27’’ min/km”.

Amanhã, continuo a minha história e vou falar-vos sobre a feira, sobre como me senti distraída por uma coisa tão estúpida como um relógio e sobre como foi treinar numa pista de aeroporto.

A Maratona de Berlim estava quase!