Grande Prémio de Natal EDP: Consegui! Sou sub 40 aos 10 Km

Grande Prémio de Natal EDP: Consegui! Sou sub 40 aos 10 Km

Corri o Grande Prémio de Natal EDP e consegui bater o meu record: 10 km em menos de 40 mins. Fi-lo graças a quem nunca me deixou desistir!
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12.12.2016

Nunca neguei e cada vez mais estou certa disto: eu gosto é de correr provas de 21 e 42 Km. São as distâncias mais aliciantes para mim porque envolvem foco, estratégia e força mental a longo prazo, quer no dia da prova, quer ao longo da preparação. No que toca às maratonas faço 1 a 2 por ano e, na altura da preparação, tenho sempre, pelo menos, 2 provas-teste para avaliar a minha performance. O Grande Prémio de Natal no passado dia 11 de Dezembro foi uma delas, a caminho da Maratona de Sevilha.

Sou muito realista em relação ao meu lado “runner girl”. Sei que sou dedicada, mas quando te preparas para provas longas, é inevitável perderes velocidade. Por essa razão, pensar que um dia iria correr 10Km a 3.59 min/km, achava completamente impossível – “isso só em séries de 1000 metros”. Nunca me senti tão feliz por estar redondamente enganada!

Já iniciei a minha preparação para a Maratona de Sevilha. Mas devo confessar que, apesar de não ser a maior adepta de provas rápidas, tinha muita vontade de correr 10 Km em menos de 40 minutos. A última vez que corri uma prova de 10 Km foi no ano passado, na São Silvestre de Lisboa e tive uma “dor de burro” tão grande ao Km 6 que acabei por afundar a minha motivação, e fiquei pelo 42 minutos. Tinha de resolver esta situação, ainda este ano. Vamos a isso.

Grande Prémio de Natal EDP

Este ano o percurso era diferente – começou em Benfica e terminou na Praça dos Restauradores. Um dia de Outono cheio de sol, temperatura amena e muito espirito natalício. Junto à partida, às 9h15 da manhã eram já muitos os corredores que aqueciam, a música de Natal e os próprios animadores vestidos a preceito animavam, não só os corredores mas toda a gente que por ali passava. Não dava para ficar indiferente. Sendo uma prova que contava com a presença da TVI, acabei por distrair-me com as entrevistas, com o entusiasmo da câmara e quando olhei para o relógio já só tinha 20 minutos de aquecimento. Pouco tempo para provas rápidas. Quando falamos em percursos de 10000 metros tens de ir sempre na tua melhor velocidade e, para tal, precisas de terminar o aquecimento já a suar. Isso não aconteceu. Mas fui quentinha.

10h30. Partida.

Logo nos primeiros metros fomos todos surpreendidos com uma subida, logo para “abrir a pestana”. Foi tudo tão rápido que só consegui estabilizar o meu ritmo ao Km 4. Foi nesse momento que olhei para o relógio: 3.54 min/Km! Aí pensei logo em abrandar um pouco com medo de quebrar até porque a minha estratégia era manter-me até ao km7 nos 4.10 min/km e depois, como era praticamente descer a Avenida da Liberdade, seria mais fácil aumentar a velocidade. Mas não abrandei. E a culpa é do João e do Rui. Eu não lhes pedi, mas eles quiserem estar literalmente ao meu lado, neste meu objetivo tão pessoal.

“Mantém agora este ritmo. Estás bem” – diz o João com muita tranquilidade. O outro (o Rui) enquanto corria, espalhava magia saudando os corredores que íamos encontrando. Naquele momento só pensei, e foi muito rápido para não me distrair do foco – “como assim, falar e até conversar a este ritmo?”.

Fui surpreendida com o melhor combustível de energia à entrada do primeiro túnel: trapezistas e malabaristas exibiam a sua performance e sorriam para nós – “Vamos. Está quase.”. Bom…isto do “está quase” para quem está parado a ver os outros a correr… Só quem corre é que sabe. Mas, confesso que foi estimulante e motivador (todas as provas deviam de ser assim).

Quebrei na subida do último túnel. Bem sei porquê: custa muito. Não estando no limite, estava cansada de correr a uma média de 3.50min/Km. Por essa razão, distrai-me com a respiração e apareceu aquela dor terrível que me irrita profundamente – a famosa “dor de burro”. Desci para 4.10min/km. “Inspira e expira todo o ar que tens nos pulmões. Levanta o peito e foca-te na meta. Esta quase.” – diz o João. O Rui sempre ao meu lado. Mas eles também já sabem que comigo, não adianta falarem muito. Só o essencial e eu capto a dica. Caso contrário começo a ficar irritada. Muito irritada com o mundo. Acho mesmo que é a falta de oxigénio no cérebro. Mas não desisti. Abrandei um pouco e pensei “Isabel, são apenas mais 2 Km e grande parte do tempo é sempre a descer”. Percebi, uma vez mais, que a minha dificuldade são as descidas. Descontrolo facilmente a respiração e a minha tendência é abrandar. Tenho de treinar esse lado. Mas a força e a determinação estão lá. Não desisti. Tinha um compromisso comigo e também com eles.

Consegui porque não corri sozinha 

A 300 metros ouvi muitas vezes o meu nome: “Força Isabel. Vamos lá!”. É nesta altura que olho para a meta e percebo que falta 1 minuto para chegar aos 40 minutos. Percebi que ia conseguir e fiz aquilo que achava impossível – aumentar a velocidade ainda mais um bocadinho!!! Cheguei. 39’14’’. 10 Km. 3.59 Min/Km.

Eu sei que sou dedicada e também não é novidade a minha paixão incondicional pela corrida. Mas tenho a clara certeza que este record só aconteceu porque eu nunca estive sozinha. Eles nunca me deixaram quebrar e nunca desistiram de mim. Para muitos é apenas mais uma prova. E não deixa de ser. No dia seguinte volto às minhas rotinas diárias. Mas são estas pequenas conquistas que me tornam numa mulher mais determinada e corajosa.

Mas deixem-me confessar-vos: o meu único prazer foi o da superação porque, tão cedo, não faço uma prova de 10 Km a ritmo de competição. Mas isto é apenas aquilo que eu acho agora, no dia seguinte à prova, sentada em frente ao computador a desejar desesperadamente por uma massagem no meu rico Urbano, o meu massagista que vale ouro (em breve partilho convosco os momentos de riso e sofrimento nas minhas sessões de massagem desportiva).