70% dos colaboradores estão infelizes no trabalho e não se importam com o que fazem. 80% dizem que não gostam de segundas-feiras, uma percentagem similar acha que o seu local de trabalho é stressante e 60% não recomendaria a sua empresa a um amigo – isto resulta de uma pesquisa conduzida pela IESE Business School. Daqui retiro que o trabalho não está a funcionar para a maioria, o que acredito não ser novidade para ninguém.
Este cenário desolador serve como ponto de partida para explorar uma faceta mais otimista e inspiradora. Vamos direcionar o nosso olhar para empresas verdadeiramente excecionais, aquelas que não apenas reconhecem, mas fazem da felicidade dos seus funcionários uma prioridade e uma bandeira.
Vivemos na ditadura da infelicidade no local de trabalho, onde a ansiedade, o stress, a depressão e a exaustão emocional – burnout – são a regra e não a exceção. Investir na felicidade no trabalho não é apenas uma estratégia de recursos humanos, mas uma abordagem essencial para impulsionar o potencial humano e o sucesso organizacional a longo prazo. A felicidade no trabalho não é apenas um luxo, é vital para a saúde mental, produtividade e satisfação geral dos trabalhadores. Trabalhadores felizes são menos propensos a stress e ansiedade, contribuindo para ambientes positivos, motivados e inovadores. A influência positiva estende-se à saúde física, reduzindo doenças, e à resiliência das equipas.
Uma cultura de trabalho positiva e feliz é uma cultura que cultiva valores sólidos – como a ética e o respeito mútuo – oportunidades de crescimento claras e equilíbrio de vida. Aqui, as pessoas sentem-se psicologicamente seguras, a comunicação é aberta e transparente, o desempenho é valorizado, os esforços são recompensados. A liderança é justa, consciente e existe um ambiente onde cada voz se sente ouvida.
Esta verdade ressoa vividamente na história de Ana, uma profissional com uma situação financeira segura, um pacote de benefícios completo e no pico da sua carreira, mas que enfrentava desafios ocultos. Atingindo o seu suposto auge profissional, a Ana sofria de bullying no trabalho, estava desprovida de qualquer equilíbrio entre vida pessoal e profissional e fazer o MBA Felicidade Organizacional na Happiness Business School, trouxe-lhe uma tomada de consciência que a levou a demitir-se. Ela não aguentava mais e o dinheiro não era tudo. 6 meses sabáticos depois, muito investimento em desenvolvimento pessoal e em autocuidado, a Ana revisitou-nos e a transformação era evidente – quase não a reconhecemos. A mudança não foi apenas de carreira, mas sim uma metamorfose completa. É a verdadeira história de que a felicidade no trabalho vai além de benefícios tangíveis e se manifesta no bem-estar e realização pessoal.
Lembro-me de a Ana, neste seu processo me perguntar quais as melhores empresas para trabalhar. E esta é uma das perguntas em que eu tenho alguma reticência em responder. Isto porque aprecio a iniciativa de reconhecer práticas exemplares através de prémios e rankings, mas pessoalmente acredito que a excelência não é exclusiva daqueles que se candidatam. Eu não posso dizer quem é a pessoa mais bonita do mundo, porque eu teria de as conhecer a todas. A mesma coisa acontece com as empresas. Há inúmeras boas práticas que florescem organicamente nas organizações, muitas vezes fora dos holofotes dos concursos. Acredito na riqueza das experiências e métodos que podem não ser representados nestas listas, e valorizo profundamente as iniciativas que, mesmo sem candidaturas, contribuem para um ambiente de trabalho positivo e inovador.
Por outro lado, reconheço a importância de adotarmos como referência as melhores práticas e de conferir o selo de qualidade àqueles que impulsionam a sociedade, estabelecendo um padrão de excelência a ser reconhecido.
Acredito que a felicidade no trabalho acontece por design. A nível individual, acredito que assenta num triângulo virtuoso:
Poderá analisar se exerce os seus talentos, se tem autonomia para tomar decisões, para exercer a sua criatividade, se tem flexibilidade de horários ou de local, se tem equilíbrio de vida, se tem acesso a desenvolvimento e progressão de carreira, entre outros.
Poderá analisar se admira as pessoas com quem trabalha, se confia nelas, se está alinhado com os seus valores, se existe cooperação, respeito, amizade, entre outros.
Poderá analisar se sente que o seu trabalho faz a diferença na sua vida e na vida dos outros. Não precisamos de fazer do conceito ‘propósito’ e ‘significado’ uma missão maior que nós próprios, e ao longo da vida podemos atribuir significados diversos em diferentes fases, mas é crucial sentirmos que a nossa vida tem um sentido.
Mas a verdade é que o que funciona para uns, não funciona para outros. Para encontrar a empresa ideal, sugiro começar por se conhecer a si mesmo, identificando os seus valores, interesses e metas profissionais. Pesquise sobre as empresas que despertam o seu interesse, analisando a sua cultura e as suas práticas. Utilize redes profissionais para se conectar com profissionais da área e obter os seus insights. Agende entrevistas informativas e avalie a cultura corporativa, benefícios oferecidos, oportunidades de desenvolvimento profissional e a liderança. Observe o ambiente de trabalho durante visitas e avalie a reputação da empresa na indústria, através de websites como o Glassdoor. Estas práticas ajudá-lo-ão a tomar decisões informadas e a encontrar a empresa que melhor se alinha às suas necessidades e expectativas profissionais.
Diz-se que vivemos numa era em que não são as empresas que escolhem os trabalhadores, mas sim os trabalhadores que escolhem as empresas, pelo que se lembre que encontrar a empresa ideal é mais do que uma busca por benefícios tangíveis; é uma busca por um ambiente que alimente a sua paixão, promova o seu bem-estar e desencadeia o seu potencial.
Não há nada mais sério nesta vida do que ser feliz, pelo que ao trilhar este caminho, recorde-se de que cada passo conta e o compromisso com a sua própria satisfação é o alicerce de uma carreira significativa e gratificante.
A Madalena é fundadora de uma escola de… felicidade! Vamos lá, de felicidade corporativa ou no trabalho – uma vertente tão importante e impactante da nossa vida.
Licenciada em Direito, quis encontrar o seu caminho para a felicidade e percebeu que só se se desprendesse e se deixasse ir no fluxo poderia chegar às respostas internas que sentia precisar.
Através do coaching para desempenho pessoal e profissional, começou a ajudar as pessoas a perceberem e se ajustarem às suas realidades.
Pelo caminho, percebeu que a infelicidade e depressão de quem a procurava estava, quase sempre, relacionada com o trabalho. Com este entendimento, reajustou-se, direcionando-se para trabalhar com a felicidade no trabalho e nas empresas.
Tem como missão impulsionar culturas de trabalho com significado para promover carreiras com mais propósito.