Os negócios de impacto estão a ganhar destaque por todo o mundo, pois unem o trabalho com a missão de causar um impacto social ou ambiental positivo. Se tens uma ideia para um negócio que visa não apenas o sucesso financeiro, mas também a mudança positiva – és uma dessas pessoas.
Num mundo em constante mudança, onde desafios sociais e ambientais continuam a crescer, os empreendedores estão a assumir a responsabilidade de encontrarem soluções inovadoras. Essas soluções não se limitam a maximizar o lucro; elas estendem-se para além disso, abordando questões como pobreza, desigualdade, mudanças climáticas e acesso a serviços essenciais. Neste contexto, os negócios de impacto destacam-se como um farol de esperança e progresso.
Se já te perguntaste como transformar a tua ideia apaixonante num negócio prospero que também faz a diferença no mundo – vamos mergulhar numa jornada que vai da concepção à prática, explorando as etapas cruciais para o sucesso de um negócio de impacto. É um caminho desafiador, mas repleto de recompensas, onde o empreendedorismo encontra o propósito e os resultados vão muito além do saldo bancário.
Pronto para começar a transformar o teu mundo e o mundo ao teu redor? Vamos lá!
Como deves imaginar, esta é uma temática bastante vasta e complexa, que vamos abordar neste artigo da forma mais simples e prática.
Antes de iniciares a tua caminhada, reflete sobre aquilo que realmente te apaixona. Qual é o problema no mundo que te mantém acordado à noite? Encontrar a tua paixão é o primeiro passo a dar.
Como explica Steven Kotler, colunista da Forbes “O PROPÓSITO É UMA FERRAMENTA PRÁTICA QUE TE VAI AJUDAR A TER MAIS FOCO E PRODUTIVIDADE, PARA CHEGAR AONDE QUERES CHEGAR”.
Se não for óbvio para ti, podes sempre fazer um exercício simples para te aproximares dos temas que mais te apaixona:
Agora que sabes quais são o(s) tema(s) que te apaixona(m), identifica um problema específico que queres resolver.
Pode ser a poluição nos oceanos, o desperdício alimentar, a falta de acesso à educação, ou qualquer desafio que te motive. Perde tempo nesta etapa. Uma boa definição do problema é meio caminho andado para encontrar a solução que mais valor vai gerar.
Um exercício útil nesta fase é a Árvore dos Problemas: pensar sobre as causas e consequências de um problema central permite-te definir em que âmbito queres atuar. É importante balizar o que queres resolver com a tua solução (em que causa específica).
Chegou o momento de pensar fora da caixa. Como podes resolver este problema de forma inovadora? Compreender que soluções alternativas dominantes já existem e em que medida estão ou não estão a dar resposta ao mesmo problema, é fundamental. É nessa análise que consegues compreender onde podes vir a contribuir de forma diferenciada. É isso que te vai tornar competitivo.
Seja criar produtos sustentáveis, desenhar programas educativos ou outras inovações, pensa na tua solução como uma resposta mais eficaz e eficiente e no potencial de gerar uma mudança positiva a longo prazo.
Ferramentas práticas e úteis nesta fase são o tradicional business model canvas ou social value generator.
Através desta ferramenta vais poder refletir em profundidade sobre o problema que queres resolver, criar uma proposta de valor para os potenciais beneficiários da tua solução e outros stakehokders ou parceiros chave e no fundo, criar soluções que gerem valor de forma inovadora e responsável.
Inspira-te e estuda casos de sucesso nas áreas sociais e ambientais. Existem muitas redes, plataformas onde estão listados exemplos práticos de soluções que mudaram o mundo (exemplo de sítio onde podes consultar projetos que mudaram o mundo: ASHOKA).
Antes de implementares a tua ideia, tens de a testar. E convém testar rápido, a baixo custo para falhar rápido e com o menor risco.
Desenha um piloto ou protótipo realista: define bem o âmbito, público-alvo e duração do mesmo, que pressupostos queres validar. Depois faz uma lista de atividades chave a realizar e listagem de recursos necessários para as concretizar.
Não entres já em overthinking quanto ao financiamento desses recursos. Identifica primeiro o que está disponível e em subutilização que possas usar sem despender capital.
Não te esqueças da tua própria rede pessoal. Quem são as pessoas que acreditam em ti e que te podem dar suporte nesta fase? O melhor financiador nesta fase é o “banco FFF: Family, Fools and Friends” e podem contribuir de várias formas que não dinheiro.
Por exemplo, pensa se podes envolver os beneficiários na solução e dessa forma minimizar custos iniciais. Ou, o que é que podes obter emprestado durante este período de tempo, ou mesmo, o que é que podes adquirir a um custo mesmo residual. Outro formato: que parcerias chave podem viabilizar as atividades que necessitas realizar?
Em função da dimensão e especificidades do piloto podes sempre ponderar fazer um evento de angariação de fundos ou um crowdfunding. Mas esta parte, fica para outro artigo.
Qualquer que seja a melhor opção, nesta fase a ideia mais importante a reter é: testa com o mínimo de investimento/custo possível e o mais depressa possível.
Não te esqueças ainda de ouvir as pessoas para quem estás a desenhar a solução. Fala com potenciais clientes, recebe feedback, faz testes de vendas… E, claro, prepara-te para te adaptares muito rapidamente. Este é o teu campo de testes antes do grande jogo.
Por último, durante este processo é muito importante trabalhares em rede. Vai construindo parcerias e rodeia-te das pessoas que te podem ajudar nesta aventura. Colabora com organizações ou projetos similares, procura mentores, frequenta eventos de networking, programas de formação e aceleração e constrói uma rede de apoio. Não tenhas medo da concorrência ou da partilha de ideias. Vais sentir uma expansão muito maior se viveres este processo com a contribuição de pessoas que passaram pelo mesmo ou que estão em fases e papéis diferentes.
Deixo-te ainda alguns recursos como sugestões de livros e formações para te auxiliar no processo. Se este tema te interessa penso que vais gostar de livros como “Negócios Sociais e a Mudança para o Mundo” de Muhammad Yunus, “Empresas com Propósito” de Joel Makower e Mark Coleman e Manual para Transformar o Mundo – Filipe Santos,João Cotter Salvado, Isabel Lopo de Carvalho.
Existem várias formações nesta área, mas recomendo-te na fase ideação o bootcamp em Empreendedorismo e Inovação Social do IES-Social Business School. Foi assim que iniciei a minha jornada de impacto.
Tornar ideias em realidade é um processo de aprendizagem desafiante e por vezes, solitário. Não desistas. Estamos juntos nesta jornada DoBEM.
Advogada de formação, a Helena mudou de rumo e advoga, desde 2013, pelo upcycling e pela inclusão social através da “Vintage for a Cause”: uma marca que é também uma causa, com a missão da redução do desperdício têxtil, em paralelo com a promoção do envelhecimento ativo de mulheres acima dos 50 anos.
Pós-graduada em Empreendedorismo e Inovação Social, a Helena é ainda líder do “Circular Economy Club”, no Porto, voluntária da “Fashion Revolution Portugal” e co-fundadora da “Between Parallels”.
Encara a sua jornada enquanto empreendedora de impacto como um processo de desenvolvimento pessoal, que partilha sempre que possível em seminários, palestras e em mentorias.
O seu trabalho foi reconhecido pela Fundação Yves Rocher, em 2020, e pela Revista Ativa Mulheres Inspiradoras na categoria de Sustentabilidade, em 2021, ano em que integrou a lista das TOP100 Women in Social Enterprise da Rede Euclid, da Comissão Europeia.