Como montar um negócios de impacto: da ideia à prática

Como montar um negócios de impacto: da ideia à prática

Leia este artigo em: 6 mins
11.01.2024
negócios de impacto

Gostavas de deixar uma pegada positiva no mundo através de um negócio com propósito? Se sonhas com isso,  mas não sabes por onde começar, estás no lugar certo.  Neste artigo, vamos partilhar contigo  algumas ideias chave e ferramentas para montar um negócios de impacto da ideia à prática.

 

Os negócios de impacto estão a ganhar destaque por todo o mundo, pois unem o trabalho com a missão de causar um impacto social ou ambiental positivo. Se tens uma ideia para um negócio que visa não apenas o sucesso financeiro, mas também a mudança positiva – és uma dessas pessoas. 

Num mundo em constante mudança, onde desafios sociais e ambientais continuam a crescer, os empreendedores estão a assumir a responsabilidade de encontrarem soluções inovadoras. Essas soluções não se limitam a maximizar o lucro; elas estendem-se para além disso, abordando questões como pobreza, desigualdade, mudanças climáticas e acesso a serviços essenciais. Neste contexto, os negócios de impacto destacam-se como um farol de esperança e progresso.

Se já te perguntaste como transformar a tua ideia apaixonante num negócio prospero que também faz a diferença no mundo – vamos mergulhar numa jornada que vai da concepção à prática, explorando as etapas cruciais para o sucesso de um negócio de impacto. É um caminho desafiador, mas repleto de recompensas, onde o empreendedorismo encontra o propósito e os resultados vão muito além do saldo bancário. 

Pronto para começar a transformar o teu mundo e o mundo ao teu redor? Vamos lá!

Como deves imaginar, esta é uma temática bastante vasta e complexa, que vamos abordar  neste artigo da forma mais simples e prática.

 

Como passar da ideia à prática em 4 passos? É simples:

 

1. Encontra a tua paixão e o teu propósito

 

Antes de iniciares a tua caminhada, reflete sobre aquilo que realmente te apaixona. Qual é o problema no mundo que te mantém acordado à noite? Encontrar a tua paixão é o primeiro passo a dar. 

 

Como explica Steven Kotler, colunista da Forbes  “O PROPÓSITO É UMA FERRAMENTA PRÁTICA QUE TE VAI AJUDAR A TER MAIS FOCO E PRODUTIVIDADE, PARA CHEGAR AONDE QUERES CHEGAR”.

 

Se não for óbvio para ti, podes sempre fazer um exercício simples para te aproximares dos temas que mais te apaixona:

  • faz um lista com os 5 principais temas que te despertam curiosidade e nos quais, se pudesses, investias o máximo de tempo (evita generalizações: quanto mais concretos forem os interesses listados, mais fácil fica identificares a tua real paixão);
  • procura por interseções entre os temas que te apaixonam: tenta perceber onde é que eles se cruzam ou relacionam.

 

2. Identifica o Problema que Queres Resolver

 

Agora que sabes quais são o(s) tema(s) que te apaixona(m), identifica um problema específico que queres resolver. 

 

Pode ser a poluição nos oceanos, o desperdício alimentar, a falta de acesso à educação, ou qualquer desafio que te motive. Perde tempo nesta etapa. Uma boa definição do problema é meio caminho andado para encontrar a solução que mais valor vai gerar.

 

Um exercício útil nesta fase é a Árvore dos Problemas: pensar sobre as causas e consequências de um problema central permite-te definir em que âmbito queres atuar. É importante balizar o que queres resolver com a tua solução (em que causa específica).

 

 

3. Desenha a Tua Solução com Criatividade

 

Chegou o momento de pensar fora da caixa. Como podes resolver este problema de forma inovadora? Compreender que soluções alternativas dominantes já existem e em que medida estão ou não estão a dar resposta ao mesmo problema, é fundamental. É nessa análise que consegues compreender onde podes vir a contribuir de forma diferenciada. É isso que te vai tornar competitivo.

 

Seja criar produtos sustentáveis, desenhar programas educativos ou outras inovações,  pensa na tua solução como uma resposta mais eficaz e eficiente e no potencial de gerar uma mudança positiva a longo prazo.

 

Ferramentas práticas e úteis nesta fase são o  tradicional business model canvas ou social value generator.

 

Através desta ferramenta vais poder refletir em profundidade sobre o problema que queres resolver, criar uma proposta de valor para os potenciais beneficiários da tua solução e outros stakehokders ou parceiros chave e no fundo, criar soluções que gerem valor de forma inovadora e responsável.

 

Inspira-te e estuda casos de sucesso nas áreas sociais e ambientais. Existem muitas redes, plataformas onde estão listados exemplos práticos de soluções que mudaram o mundo (exemplo de sítio onde podes consultar projetos que mudaram o mundo: ASHOKA). 

 

 

4. Testa a tua ideia no mundo real

 

Antes de implementares a tua ideia, tens de a testar.  E convém testar rápido, a baixo custo para falhar rápido e com o menor risco.

 

Desenha um piloto ou protótipo realista:  define bem o âmbito, público-alvo e duração do mesmo, que pressupostos queres validar. Depois faz uma lista de atividades chave a realizar e listagem de recursos necessários para as concretizar.

 

Não entres já em overthinking quanto ao financiamento desses recursos. Identifica primeiro o que está disponível e em subutilização que possas usar sem despender capital. 

Não te esqueças da tua própria rede pessoal. Quem são as pessoas que acreditam em ti e que te podem dar suporte nesta fase? O melhor financiador nesta fase é o “banco FFF: Family, Fools and Friends” e podem contribuir de várias formas que não dinheiro.

 

Por exemplo, pensa se podes envolver os beneficiários na solução e dessa forma minimizar custos iniciais. Ou, o que é que podes obter emprestado durante este período de tempo, ou mesmo, o que é que podes adquirir a um custo mesmo residual. Outro formato: que parcerias chave podem viabilizar as atividades que necessitas realizar?

 

Em função da dimensão e especificidades do piloto podes sempre ponderar fazer um evento de angariação de fundos ou um crowdfunding. Mas esta parte, fica para outro artigo.

 

Qualquer que seja a melhor opção, nesta fase  a ideia mais importante a reter é: testa com o mínimo de investimento/custo possível e o mais depressa possível.

 

Não te esqueças  ainda de ouvir as pessoas para quem estás a desenhar a solução. Fala com potenciais clientes, recebe feedback, faz testes de vendas… E, claro, prepara-te para te adaptares muito rapidamente. Este é o teu campo de testes antes do grande jogo.

 

Por último, durante este processo é muito importante trabalhares em rede. Vai construindo parcerias e rodeia-te das pessoas que te podem ajudar nesta aventura. Colabora com organizações ou projetos similares, procura mentores, frequenta eventos de networking, programas de formação e aceleração e constrói uma rede de apoio. Não tenhas medo da concorrência ou da partilha de ideias. Vais sentir uma expansão muito maior se viveres este processo com a contribuição de pessoas que passaram pelo mesmo ou que estão em fases e papéis diferentes.  

 

Deixo-te ainda alguns recursos como sugestões de livros e formações para te auxiliar no processo.  Se este tema te interessa penso que vais gostar de livros como “Negócios Sociais e a Mudança para o Mundo” de Muhammad Yunus, “Empresas com Propósito” de Joel Makower e Mark Coleman e Manual para Transformar o Mundo – Filipe Santos,João Cotter Salvado, Isabel Lopo de Carvalho.

 

Existem várias formações nesta área, mas recomendo-te na fase ideação o bootcamp em Empreendedorismo e Inovação Social do IES-Social Business School. Foi assim que iniciei a minha jornada de impacto.

 

Tornar ideias em realidade é um processo de aprendizagem desafiante e por vezes, solitário. Não desistas. Estamos juntos nesta jornada DoBEM.

 

Helena Antónia

Advogada de formação, a Helena mudou de rumo e advoga, desde 2013, pelo upcycling e pela inclusão social através da “Vintage for a Cause”: uma marca que é também uma causa, com a missão da redução do desperdício têxtil, em paralelo com a promoção do envelhecimento ativo de mulheres acima dos 50 anos.

Pós-graduada em Empreendedorismo e Inovação Social, a Helena é ainda líder do “Circular Economy Club”, no Porto, voluntária da “Fashion Revolution Portugal” e co-fundadora da “Between Parallels”.

Encara a sua jornada enquanto empreendedora de impacto como um processo de desenvolvimento pessoal, que partilha sempre que possível em seminários, palestras e em mentorias.

O seu trabalho foi reconhecido pela Fundação Yves Rocher, em 2020, e pela Revista Ativa Mulheres Inspiradoras na categoria de Sustentabilidade, em 2021, ano em que integrou a lista das TOP100 Women in Social Enterprise da Rede Euclid, da Comissão Europeia.