Num mundo onde as bactérias estão a tornar-se cada vez mais resistentes aos medicamentos, as soluções naturais estão a ganhar destaque. Stephen Buhner, autor de “Herbal Antibiotics”, realça a importância das alternativas naturais no tratamento de bactérias resistentes, promovendo uma abordagem mais holística da saúde. Assim sendo, explorar o mundo das ervas e conhecer as suas propriedades pode fazer sentido, tornar-se uma paixão e trazer vários benefícios!
As ervas medicinais que a Ivone, da Quinta das Águias, escolheu para nos falar, são:
À medida que procuramos formas naturais de promover a nossa saúde e bem-estar, o mundo das ervas silvestres e medicinais destaca-se como uma fonte inesgotável de benefícios. Desde fortalecer o sistema imunitário até aliviar dores e desconfortos, estas plantas oferecem uma abordagem holística para uma vida mais saudável e equilibrada. Por que não explorar este tesouro da natureza e descobrir o que ele tem para oferecer a si?
Pode com segurança incluir-se ervas silvestres e medicinais no nosso regime de alimentação e saúde. No entanto é fundamental saber identificar as plantas, colhê-las em locais não poluídos e um prévio aconselhamento com profissional de saúde ou herbalista.
Cuidados especiais são necessários durante a gravidez ou quando se toma medicação.
No seu livro “Herbal Recipies for Vibrant Health”, Rosemary Gladstar considera a cidreira uma erva maravilhosamente relaxante e ao mesmo tempo moderadamente estimulante, uma vez que aumenta a energia no sistema, através da libertação de bloqueios e stress. Também Matthew Wood no seu livro “The Earthwise Herbal” refere que em todas as casas deveria existir uma tintura de cidreira fresca, dadas as suas propriedades relaxantes.
Partes utilizadas: folhas, flores
Composição: Vitaminas A, C, potássio, ferro, flavonóides, terpenóides, fenólicos, taninos, ácido rosmarínico.
Uso culinário: as flores e as folhas frescas e tenras para aromatizar saladas de legumes e de frutas, sopas e molhos.
Benefícios: Antioxidante, antivírica, antibacteriana, analgésica, sedativa, anti-espasmódica, neuro-protectora, relaxante. Reforça o sistema imunológico, melhora a circulação sanguínea, fortalece o coração, baixa a tensão arterial. Acalma desconfortos digestivos, golpes de sol e calor.
A erva-de-são-roberto, também conhecida pelo nome científico Geranium robertianum, é uma planta herbácea caracterizada pelas suas pequenas flores de cor rosa a roxa e folhas delicadas. Esta planta é considerada uma erva daninha em muitos lugares, mas tem sido valorizada historicamente pelas suas propriedades medicinais. A erva-de-são-roberto é conhecida pelas suas propriedades adstringentes e foi tradicionalmente usada na medicina popular para tratar uma variedade de condições. Além disso, é frequentemente encontrada em habitats de florestas, margens de estradas e jardins, prosperando em solos ricos em matéria orgânica.
Partes utilizadas: folhas, flores, caules, raiz.
Composição: Vitaminas A, B, C, cálcio, magnésio, ferro, fósforo, óleos essenciais, taninos.
Uso culinário: folhas tenras jovens e flores ficam bem nas saladas.
Benefícios: Purifica o sangue, normaliza a circulação, cardiotónica, reforça o sistema imunológico, antivírica, anti-bacteriana, anti-inflamatória. É adaptogénica, contribuindo para a resistência do nosso corpo ao stress e poluição. Contém progesterona natural, estimulando a fertilidade feminina e masculina, Em uso tópico, como tisana forte, as folhas frescas em cataplasma, ou reduzida a pó depois de seca, para eczema, urticária, herpes, erupções da pele, feridas e úlceras.
O seu nome científico é Achillea millefolium – sendo que Juliette Levy refere que o nome Achillea vem de Aquiles, que terá sido o primeiro a descobrir as suas virtudes medicinais, tendo usado os rebentos de flores para curar as suas feridas e as dos seus soldados.
Partes utilizadas: folhas e sumidades floridas
Composição: Vitaminas A, C, E, F, K, flavonóides, taninos, alcalóides, óleos voláteis, como o cineol, eugénico, tuiona, cânfora, azulene, ácidos orgânicos, fósforo, potássio, ácido salicilico.
Uso culinário: como especiaria, dado o sabor e aroma intensos.
Benefícios: Adstringente, antiespasmódica, antisséptico, cicatrizante, diurética, anti-inflamatória, anti-vírica, regulariza o sistema hormonal. Normaliza a circulação, acalma problemas nas mucosas,
Segundo Maria Treben, “o Plantago lanceolata era o rei dos caminhos e foi desde sempre uma benção para os homens.”
Partes utilizadas: folhas, flores, sementes e raiz
Composição: Glúcidos, taninos, aucubina, alantoínas, sais minerais, vitaminas A, C e K, sódio, potássio, cálcio, magnésio, ferro, cobre, zinco, manganésio, fósforo.
Uso culinário: as folhas jovens ainda tenras e os botões de flores podem ser usados crus em saladas; as folhas menos tenras e as raízes podem ser usadas cozinhadas e as sementes podem ser usadas em bolos e pão.
Benefícios: tratamento de feridas, calmante, cicatrizante, anti-inflamatório, antimicrobiano, antivírico, adstringente, purificador do sangue, diurético, expectorante, anti-hemorrágico, revigorante, antioxidante, citotóxico, tonificante do fígado, problemas de pele, picadas de insectos, problemas respiratórios e dos órgãos digestivos, anti-cancro, anti-tumor, melhora a circulação, analgésico, anti-pirético. Estimula o desenvolvimento celular e é bom para o tratamento de problemas de pele, das vias respiratórias, do aparelho digestivo, nefrite crónica, cistite, anemia, convalescença. Utiliza-se em uso tópico, em decocção para aplicação sobre os olhos no caso de conjuntivites, e em cataplasma das folhas cruas esmagadas sobre feridas, picadas de insectos, inflamações e quistos. As folhas secas, reduzidas a pó podem ser utilizadas nas feridas e úlceras da pele. As sementes, sobretudo as da variedade P. psyllium são utilizadas como laxativo e calmantes das mucosas irritadas.
A nêveda é uma planta herbácea pertencente à família Brassicaceae, comum em muitas regiões do mundo, especialmente em áreas temperadas. Ela é reconhecida pelas suas folhas verdes serrilhadas e pelas suas pequenas flores agrupadas em cachos. A nêveda é considerada uma planta invasora em muitas áreas devido à sua capacidade de crescer rapidamente e se espalhar. Historicamente, a nêveda foi utilizada na medicina popular devido às suas propriedades medicinais, sendo considerada diurética e digestiva. Suas folhas jovens podem ser consumidas em saladas, e a planta também é usada como forragem para animais. A nêveda é uma planta adaptável que cresce em uma variedade de habitats, incluindo terrenos baldios, beiras de estradas e terrenos agrícolas.
Partes utilizadas: folhas, flores e caules
Composição: Vitaminas A, C, E e K, carotenoides, essências e enzimas
Uso culinário: as flores podem ser utilizadas nas saladas. As sumidades floridas e folhas dão um sabor muito fresco e aromático a estufados com feijão, cogumelos, legumes. No Norte de Portugal são utilizadas na cozedura das castanhas, dando-lhes um aroma magnífico e ajudando à sua digestão.
Benefícios: Antioxidante, antibacteriana, anti-inflamatória, propriedades tónicas, digestivas, relaxantes. Facilita a digestão, acalma as dores abdominais e os espamos de origem nervosa, tonifica o útero. Reforça o sistema imunitário. Desde tempos antigos que a Nêveda fascina herbalistas botânicos, tanto pelas suas propriedades medicinais, como pelo seu aroma e sabores únicos.
Susun Weed, no seu livro “Wise Woman Herbal for the Childbearing Year”, considera a urtiga uma das melhores ervas para aumentar a fertilidade.
David Hoffmann diz: “Em caso de dúvida, dar urtigas”.
Partes utilizadas: folhas, sementes.
Composição: grande valor nutritivo, alto teor em proteínas, ferro, cálcio, magnésio, potássio, clorofila, vitamina A, C e K, betacaroteno.
Uso culinário: é altamente nutritiva. As folhas frescas tenras (as ultimas 4 folhas mais jovens) podem ser usadas em batidos, sumos, smoothies. Podem ser cozinhadas em sopas, estufados, tartes. Podem também ser secas e depois reduzidas a pó, para acrescentar a batidos, sopas, molhos.
Benefícios: purificadora e regeneradora do sangue, antianémica, anti-inflamatória, diurética, anti-histaminica, anti-vírica, melhora a circulação sanguínea. Na Grécia e Roma antigas, era usada para combater a artrite e dores nas articulações.
Ao longo da história, as violetas foram consideradas como símbolo de feminilidade, modéstia e inocência.
No seu livro “Plants For A Future, Ken Fern” refere que a violeta, sendo uma planta muito produtiva, pode ser usada em em abundância nas nossas taças saladas, em especial no final do Inverno/Início da Primavera, quando começa a florir.
Partes utilizadas: folhas, flores.
Composição: flavonóides, mucilagem, salicilatos, antocianinas, taninos, óleos essências, vitamina C, cálcio e magnésio
Benefícios: melhora sistemas respiratório, urinário e linfático, calmante, antitumoral, anticancerigena, antibacteriana, alivia inflamações dos olhos, da boca, e problemas de pele, tem actividade citotóxica.
Uso culinário: as folhas jovens e tenras e as flores podem ser usadas em saladas e sobremesas.
As ervas medicinais silvestres são muito importantes na promoção da saúde e do bem-estar. Oferecem-nos uma oportunidade única de nos conectarmos com a natureza e explorar os recursos naturais ao nosso redor. Ao aprender sobre essas plantas e sobre os seus benefícios terapêuticos, podemos incorporar práticas de cuidado com a saúde baseadas na sabedoria tradicional e na ciência moderna.
A primavera presenteia-nos com uma diversidade de ervas que podem ser utilizadas de forma segura e eficaz para fortalecer o sistema imunológico, promover a digestão saudável e aliviar sintomas diversos. Ao integrar as ervas medicinais silvestres na nossa rotina, abrimos portas para uma abordagem mais holística e natural para o cuidado com o corpo e a mente, respeitando e valorizando os recursos naturais que a natureza nos oferece e… colorindo a nossa vida, pratos e jarros!