Este treino surgiu numa tarde espetacular em que eu, o Aires e o Pimenta nos aventurámos no wake board, no Feel Viana. Lembram-se? Como somos os três amantes de desporto (o Pimenta é atleta de canoagem, o Aires é um dos donos da Viana Cycles) achámos que era boa ideia que quando eu regressasse da Maratona de Nova Iorque fizesse um treino dos IncríBeis em Ponte de Lima. E eu pensei: “Olha, e porque não? Vai na volta e no dia anterior até lanço o meu livro”. E assim foi.
Começámos a corrida no centro de Ponte de Lima, junto à ponte romana. Uma das coisas boas deste percurso, e de estar a chover, foi o facto de cheirar a terra, a natureza. O norte tem uma coisa que eu adoro: o frio do norte é um frio que gela, e eu sinto isso na ponta do meu nariz e na extremidade das minhas mãos. E eu gosto dessa sensação.
Mesmo estando este tempo, foi altamente motivador e inspirador para mim chegar e ver mais de 50 incríBeis vindos de várias partes da região norte para correrem 10 km comigo. Como não estar feliz e grata? Ainda mais quando vi um aparato montado que me fez lembrar o treino de Salvaterra de Magos.
Havia de tudo (só faltou mesmo uma casa de banho portátil). Havia um insuflável, a namorada do Pimenta, a Joana, levou doces típicos da região, levou húngaros, bolachas de canela e amêndoa, barras de aveia, bebidas isotónicas, água e até havia um pórtico gigante que fazia com que sentissemos que estávamos numa prova. Só faltavam mesmo os dorsais.
Foi uma manhã na melhor companhia, em que conheci pessoas altamente inspiradoras, amantes da corrida, uns que andam nisto há muito tempo, outros que começaram nisto há menos e outros que nunca tinham sequer corrido 10 quilómetros, e que se superaram neste dia. Foi o caso da minha amiga Rebeca Gasperini, por quem tenho uma profunda admiração. E até vos digo uma coisa: ela estava com um bocadinho de medo de não conseguir fazer os 10 quilómetros, e eu própria lhe disse para fazer só cinco. Mas qual não foi meu espanto quando a vi cortar a meta dos 10 quilómetros, emocionada. Treinar com os IncríBeis é isto, é viver momentos destes. São pequenos gestos que fazem toda a diferença.
Se há coisa que me enche o coração nestes dias é sentir que as pessoas falam comigo quase como se fosse amiga delas, ou da família delas, alguém lá de casa. Quando estou com elas, ouço muitas vezes dizerem-me: “Nós vemos-te todos os dias na televisão, acompanhamos-te nas redes sociais, sentimos que já te conhecemos”. Na verdade eu sou um livro aberto, e não me importo de partilhar tudo o que me faz feliz. É natural que as pessoas sintam isso. Às vezes, confesso que não tenho noção do impacto que tenho na vida das pessoas.
No final da corrida, fomos almoçar ao Sabores do Lima, que é o o meu restaurante preferido da região, não só pela comida, mas também pela simpatia das pessoas que lá trabalham. A Sofia e toda a equipa são excepcionais e gostam de receber, e de receber bem.
A comida vem em doses tão grandes que fico tão cheia que não consigo comer mais. O mais engraçado é que elas até ficam um bocadinho irritadas, porque acham que eu não posso deixar nada no prato. E quem é que também estava à mesa? Os meus pais, as minhas amigas e também pessoas que só conheci no treino dessa manhã. Foi bom para matar saudades.
Correr com os incríBeis é tão especial porquê? Porque não é só correr. é conviver, conhecer, criar laços e criar amizades, e claramente criar uma família. Este é o conceito e é isto que me move na corrida. São as pessoas que conheço, gente simples, de bem com a vida e que valorizam as coisas boas da vida. Uma boa corrida, um bom almoço e está tudo perfeito. Para mim, isto é que é ser incríBel: o ter vontade de sair da cama, de despertar o corpo, de fazer uma corrida, de se superar, elevar, superar, conhecer pessoas novas, criar amizades e estar a volta de uma mesa a conviver.