O poder das hormonas na gestão de peso

O poder das hormonas na gestão de peso

As hormonas não diminuem porque envelhecemos: nós envelhecemos porque elas diminuem.
Marta PadilhaMarta Padilha
Leia este artigo em: 6 mins
21.04.2022

Um dos aspetos mais desejados de qualquer ser humano é poder viver longos anos – cheios de qualidade! Muitos dos aspectos que contribuem para uma vida extensa e sem surgimento ou progressão de doenças estão relacionados com o estilo de vida e hábitos de consumo, bem como com fatores de origem genética. Vamos perceber melhor!


Todos temos na saúde um bem insubstituível, contudo, não te podes esquecer de que és o resultado das tuas atitudes, comportamentos e opções e, por isso, deves ter uma postura ativa, assertiva e participativa perante a tua própria vida.

A tua maior preocupação deve, pois, ser a prevenção da doença, a promoção da saúde e, como tal, mudar eventuais hábitos e condutas no estilo de vida que são lesivos ao teu organismo. Sabias que patologias como a obesidade, diabetes, hipertensão arterial e depressão – estão associadas aos maus hábitos da população em geral? Assim, é fundamental – com aquele equilíbrio saudável – atentares à tua alimentação, gestão do stresse, hábitos de sono e exercício físico.

Então, e o que tem isto a ver com o antienvelhecimento?


A abordagem da medicina anti-aging (à qual estou ligada) assenta tradicionalmente em alguns pilares fundamentais – e para perceberes melhor aquilo que defendo, gostava de te falar deles – pois é da conjugação de esforços nestas áreas que consigo promover uma melhor qualidade de vida e prevenir as doenças relacionadas com o envelhecimento.

São eles: nutrição, exercício físico, suplementação não hormonal, gestão do stresse e modulação hormonal.


1. NUTRIÇÃO
Todos já ouvimos dizer que “somos o que comemos”. E assim o é! Os alimentos são essenciais para a vida, pois são estes que nos fornecem os nutrientes necessários para que o nosso organismo não adoeça. Cada nutriente tem uma função específica no nosso organismo, sendo, por isso, importante a variedade dos mesmos. É fundamental que os combinemos para atendermos às necessidades energéticas do nosso organismo. O excesso de doces, de gordura, de sal e de álcool… o excesso… sempre o excesso! Percebes, assim, que nada em carência ou em demasia pode ser benéfico: a aposta está na variedade.

2. EXERCÍCIO FÍSICO
E – ainda vamos no segundo pilar – já começas a virar os olhos para cima. Sim, é sempre a mesma coisa – estes fundamentos não trazem novidades. O importante, aqui, é escutares, sentires e perceberes a sua real importância: só assim consegues fazer a diferença em ti. E eu sei que és capaz!

Então, os benefícios da prática de atividade física – para a saúde e qualidade de vida de pessoas de todas as idades – estão bem documentados na literatura científica. De facto, a prática de exercício físico é fundamental para aumentar a saúde e o bem-estar. Quem escolhe o exercício:

  • melhora a circulação sanguínea
  • fortalece o sistema imunitário
  • acelera o metabolismo
  • diminui o risco de doenças cardiovasculares
  • previne a osteoporose
  • combate o excesso de peso
  • reduz da tensão arterial
  • controla a glicemia
  • fortalece os ossos e as articulações

Num passado não assim tão distante, nós éramos fisicamente ativos por motivos de subsistência. O aspecto de uma pessoa de cinquenta anos era o de alguém envelhecido – mas, por norma, essa pessoa vendia saúde. Agora, com o estilo de vida sedentário moderno, o inverso acontece: parecemos mais jovens, contudo temos um maior número de doenças.

3. GESTÃO DE STRESSE

O stresse determina uma resposta fisiológica ou suprafisiológica (superior ao normal) do organismo, com a libertação de substâncias denominadas catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e de cortisol, através das glândulas suprarrenais.

Quando isso acontece, o batimento cardíaco aumenta, a respiração é mais rápida, os músculos contraem-se e a pressão arterial eleva-se. Assim, o organismo fica alerta, pronto para a ação!

A maneira como lidamos com o stresse é diferente, sendo por isso variável a sua sintomatologia.

A longa exposição ao stresse pode refletir-se nas nossas ações, sendo os mais frequentes os seguintes sintomas comportamentais:

  • alterações do apetite
  • boca seca e dificuldades em engolir
  • bruxismo (ranger de dentes)
  • tiques nervosos (roer as unhas, por exemplo)
  • aumento do consumo de álcool, tabaco e drogas

Como vês, é crucial haver uma boa da gestão do stresse no dia a dia, na procura
de uma melhoria da saúde mental e do bem-estar, sendo que cada caso deve ser analisado individualmente, uma vez que cada uma possui mecanismos próprios para lidar com ele.

4. MODULAÇÃO NÃO HORMONAL
A capacidade do sistema antioxidante (que degrada os radicais livres ou oxidados com potencial de envelhecimento das células) depende, principalmente, de uma dieta adequada em micronutrientes (vitaminas e minerais) e macronutrientes (particularmente, os aminoácidos, os constituintes básicos das proteínas).

Desta forma, a suplementação torna-se importante no processo de equilíbrio físico. A prescrição da mesma é antecedida pela realização de análises clínicas, de forma a percebermos quais o que está em défice e quais são as doses necessárias. Esta é, por isso, sempre individual e personalizada – e, acima de tudo, supervisionado.

5. MODULAÇAÕ HORMONAL
As hormonas são substâncias produzidas pelas glândulas endócrinas, essenciais para o funcionamento do corpo humano, uma vez que atuam na regulação de muitas células e tecidos. Apesar de serem libertadas no sangue e de atingirem uma grande quantidade de estruturas, as hormonas atuam apenas na denominada célula-alvo: estimulando ou inibindo a célula.

Imagine uma chave e uma fechadura. A chave (hormona) destrava a fechadura (recetor), «dirigindo» o seu fecho ou a sua abertura, dependendo do caso. Estas «chaves» são produzidas pelas glândulas.

Quando ocorre uma diminuição de uma determinada hormona, esta é percebida pela glândula que a produz, que responde com um aumento da produção da mesma. Quando a hormona está numa quantidade normal, a glândula diminui a sua produção. Este sistema é conhecido por retroalimentação ou feedback.

Os sintomas da deficiência hormonal podem manifestar-se com uma frequência muito maior do que julgamos, mas, infelizmente, a maior parte das pessoas acaba por se habituar aos sintomas, julgando que é da idade, do stresse, entre outros, ignorando que podem ocorrer danos na sua saúde
física e mental.


Todas as pessoas começam a diminuir o nível das suas hormonas em circulação por volta dos 30–35 anos. É a partir desta idade que a exigência de hormonas pelo organismo é superior à sua capacidade de as produzir.

É importante entender que as hormonas não diminuem porque envelhecemos, mas envelhecemos porque as hormonas diminuem!

Os principais sintomas de deficiência hormonal são:

  • alteração do padrão do sono (insónias iniciais – dificuldade em adormecer ou em
    manter o sono)
  • falta de força de vontade para sair da cama
  • diminuição da massa magra
  • maior flacidez na pele
  • ganho de gordura
  • menor energia para as atividades quotidianas

No entanto, é crucial esclarecer que a pessoa equilibrada, do ponto de vista hormonal, também envelhece – mas a um ritmo controlado.

Este último pilar é a área a que me dedico. E espero poder falar contigo sobre muitos outros temas interessantes dentro desta minha especialização e grande paixão.