Há seis anos estava com o Igor, em Kerala, numa das nossas muitas viagens pela Índia a propósito do nosso projeto Macro Viagens, quando conhecemos uma família única. Fomos parar, um pouco ao acaso, a um Centro Ayurveda que atualmente representamos em Portugal.
Fundamos a Macro Viagens em 2017 – depois de deixarmos os nossos trabalhos convencionais (eu na Comunicação, o Igor na Engenharia). E desde aí que levamos pessoas a viajar de forma mais compassiva, autêntica e espiritual. O nosso projeto é vegetariano e comprometido com uma política de Turismo Responsável.
Naquela altura, percebemos imediatamente que estávamos num lugar especial. Então para mim, que nasci no seio de uma família macrobiótica e que desde cedo tive contacto íntimo com uma perspetiva de saúde mais natural e de autorresponsabilização, foi ouro sobre azul poder ter essa experiência de imersão na Ayurveda.
A Ayurveda é a medicina tradicional indiana. É considerada a mãe de todas as medicinas, tem mais de 5.000 anos, mas continua bem viva nos dias de hoje. Na Índia, existem Hospitais Públicos e Privados e também Universidades onde são lecionados cursos superiores de Medicina Ayurveda – tão exigentes como os de Medicina que conhecemos por cá.
Para além disso, é habitual existir tradição familiar, em que para além dos estudos académicos, os conhecimentos são transmitidos de pais para filhos.
Ao contrário de outras alternativas ocidentais, a Ayurveda dá prioridade ao equilíbrio físico e mental, com grande enfoque no estilo de vida. Promove um estilo de vida harmonioso e o rejuvenescimento através da desintoxicação das toxinas que vamos acumulando (a ama). Utiliza ingredientes naturais como plantas medicinais, especiarias, minerais e óleos – promovendo a cura.
A Ayurveda baseia-se na crença de que a saúde e o bem-estar dependem do equilíbrio entre a mente, o corpo e o espírito. Este equilíbrio é alcançado através da harmonização dos três doshas (energias vitais): Vata (ar e éter), Pitta (fogo e água) e Kapha (terra e água).
Esta filosofia não se concentra apenas no tratamento de doenças, mas também na prevenção e manutenção da saúde. Promove um estilo de vida saudável e equilibrado, adaptado às necessidades individuais de cada pessoa, com o objetivo de prolongar a longevidade e melhorar a qualidade de vida.
Para tal, são utilizadas terapias naturais, plantas medicinais, práticas de estilo de vida e regras alimentares que garantem longevidade sem efeitos adversos. Pode trabalhar em conjunto com a Medicina Alopática, tendo ótimos resultados.
Sabem quando sentimos que estamos a viver uma experiência que parece um sonho? Foi assim que vivenciei a nossa primeira ida aos centros Madukkakuzhy Ayurveda: conforto, acolhimento, natureza, sustentabilidade, espiritualidade, saúde, alimentação do bem, meditação, produtos naturais, integrais e orgânicos,… enfim, tudo isto e muito mais num espaço intimista onde sentimos que somos parte da família.
Uma das experiências mais bonitas que tive enquanto lá estive foi quando, a seguir a uma maravilhosa massagem a quatro mãos, me sentei nua num banquinho e a terapeuta me deu um banho de balde. Foi como regressar à infância, ao cuidado de uma mãe. Até me emocionei.
Ah! E não estamos a falar de um sítio caríssimo. É económico, um preço justo, ainda mais se pensarmos em tudo o que inclui: podem ir dez dias a partir de 1.790€ com tudo incluído, inclusive voos e seguro. Parece mentira, eu sei. Mas – acreditem – existe mesmo um lugar assim, fica na Índia e chama-se Madukkakuzhy Ayurveda.
Começamos o dia com uma sessão de yoga dada por um dos médicos – sim, na Ayurveda o médico tem conhecimentos muito abrangentes.
Também há caminhadas na natureza onde podemos ver como é a vida da população local. As crianças vão para a escola a pé, os homens bebem um chai enquanto leem o jornal no alpendre de casa, algumas mulheres estão a preparar o pequeno-almoço, há quem já esteja a tratar das plantações. A natureza envolvente é tão rica!
Depois do pequeno-almoço, começam as consultas médicas e os tratamentos, o programa diário.
Todos os dias temos uma consulta médica, normalmente com um dos irmãos, o Dr. Jobin ou o Dr. Robin Madukkakyzhy. Os médicos prescrevem todo o plano personalizado de alimentação, tratamentos externos, tratamentos internos. E está tudo incluído no pacote.
Os tratamentos externos podem ser massagens tradicionais com óleos, manipulações, compressas de ervas medicinais, óleos, limpeza nasal, banhos de vapor, entre outros. Depende muito da condição de individual cada pessoa. São feitos por terapeutas locais – umas das preocupações desta família é empoderar a comunidade local.
As refeições são todas vegetarianas, comida caseira Ayurvédica preparada sob orientação das mulheres da família – a avó Molly e as noras Anju e Meethu. A alimentação não é igual para todos, há quem tenha indicações para evitar ou incluir este ou aquele alimento. A dieta, como tudo o resto, é personalizada. As mesas são comunitárias.
Para além do programa de Yoga, caminhadas, consultas e tratamentos, ainda existem “showcookings”, visita à farmácia onde são produzidos os medicamentos e óleos medicados de forma artesanal segundo os textos védicos, e palestras sobre Ayurveda. O objetivo é que os hospedes possam adquirir ferramentas para que no regresso a casa possam continuar este estilo de vida.
Os Madukkakuzhy têm três centros, dois nas montanhas e um numa vila, onde vive a família. São todos espaços confortáveis, limpos, bonitos, adaptados a ocidentais, mas não são luxuosos ou despersonalizados. Aqui sente-se o calor do acolhimento familiar.
Sugerimos a quem vai – foi o que nós fizemos na primeira vez que lá estivemos – que experienciem dois centros diferentes: a Homestay, onde vive a família e onde são produzidos os medicamentos de forma tradicional, e um dos dois centros nas montanhas, o Lake and Mountains ou o Healing Island. Ficam junto a um lago idílico, onde a imersão na natureza é mesmo profunda.
Se ficaram curiosos com tudo o que descrevi e gostavam de saber mais, recomendo que consultem o programa. Acompanhem a Isabel Silva e a Dulce Costa que estão neste momento no Madukkakuzhy Ayurveda e que têm partilhado a incrível experiência que estão a ter por lá.
As férias não precisam ser sempre iguais, de excessos. Podemos fazer férias diferentes, mais profundas, que nos tragam maiores benefícios a longo prazo.
Quando está em Portugal, a Diana vive no silêncio do Alentejo profundo. É co-fundadora da Macro Viagens, apaixonada pela Índia, budista e vegetariana.
Diz que trabalhava para viajar, mas agora leva pessoas a viajar.
Nasceu numa família diferente do convencional – macrobiótica -, por isso teve desde cedo contacto com uma visão da vida e da saúde alternativas. Visão essa que tem por base a autorresponsabilização.
Quis trabalhar nos jornais, mas não foi jornalista, em vez disso foi parar a uma agência de comunicação para um estágio e por lá ficou dez anos. Quis deixar de trabalhar para ter tempo e viajar, e deixou. Depois de terminar os seus estudos superiores na área da Comunicação, dedicou-se a aprofundar o estudo da saúde natural, através de vários cursos e de auto-estudo.
Recentemente, e o mais importante, comprometeu-se com o Budismo Vajrayana, que tem praticado e estudado com professores autênticos que teve a bênção de encontrar pelo caminho.
Viaja frequentemente para a Índia – e outros países do sub-continente indiano – onde se sente em casa. E adora levar outras pessoas a compreender e a criar conexão com estes países e com as suas tradições espirituais.
