A sexta-feira, 8 de Maio, foi um dia muito importante para mim. Além de ser o dia em que a DoBem nasceu, foi também o dia em que celebrei 34 anos de vida. Tive o privilégio de ter o presente que mais desejei nesse dia, e apesar de a DoBem ser muito importante para mim, como já disse na carta que escrevi no dia do lançamento, houve algo ainda mais especial. Nessa manhã, e com toda a prudência e segurança que este momento requer, rumei ao Norte, a Santa Maria de Lamas, para passar o fim de semana ao lado da Lola e do Vítor, os meus pais. Avisei a minha mãe uns dias antes de viajar e disse-lhe: “Mãe, trata do jantar, que eu levo um bolo de anos, um bolo DoBem.”
E assim foi. Comigo — e com o Caju — viajou um bolo preparado pela mercearia do meu bairro, o Alecrim aos Molhos.
Acho que já começa a ser tradição o meu bolo ser preparado pelo Alecrim. Quando fiz 33 anos o bolo também foi preparado por eles. Tinha sabor a cacau e a uma fruta cítrica e, se não me falha a memória, tinha courgete e beterraba, que ninguém dava por elas. Se acham que é uma combinação estranha, desenganem-se. Estava uma maravilha e não sobrou muito para contar a história. Desse resto, guardei uma fatia que ainda está no congelador, desde maio de 2019.
Nunca tinha feito este ritual, até que a minha amiga Laura me surpreendeu com ele há dois anos. Nessa altura, fomos fazer um piquenique e ela levou um pedaço do bolo de casamento que tinha guardado no congelador durante um ano, e tive o privilégio de o partilhar com ela nesse dia. Posso garantir que estava incríBel. “É tradição e dá sorte, muita sorte, comê-lo passado um ano”, dizia a Laura. E acredito que sim.
Aquilo ficou-me pensamento e acabei por lhe seguir as pisadas. Bem sei que não é um bolo de casamento, da mesma forma que a minha vida não gira à volta destas superstições e dizeres, mas senti vontade de o fazer. E ainda bem. Esta semana provo o meu bolo de 2019 e partilho o meu parecer.
Tudo isto para dizer que em equipa vencedora não se mexe. Este ano, a família do Alecrim perguntou-me como gostaria que fosse o meu bolo de anos. E eu não tive dúvidas:
“Quero um bolo redondo, não muito grande. Um bolo adoçado com a fruta mais madura que tiverem. Um bolo que tenha pelo menos um legume e que brilhe com ingredientes que são usados por vocês diariamente. Se tiverem laranjas com fartura e bananas muito maduras, aproveitem-nas. E se for para usar um fruto seco, usem as amêndoas sem casca do produtor de Trás-os-Montes, que são ótimas.”
Por momentos eles acharam que eu estava a brincar. Mas só por momentos, porque depois perceberam que, na verdade, um bolo com este propósito ia torná-lo ainda mais especial.
Foi o Carlos quem fez o bolo. O Carlos que me ensinou a fazer massa mãe e aquele que, para mim é o melhor pão do mundo. Criou-o de raíz, sem ler livros ou inspirar-se noutras receitas. A inspiração, diz ele, nasceu com os ingredientes, as frutas e os legumes da mercearia. Mais, aproveitou-se tudo aquilo que, mais tarde, poderia não ser aproveitado.
É DoBem porque foi feito sem qualquer desperdício.
É DoBem porque não tem qualquer açúcar refinado.
É DoBem porque o sabor é natural, real e delicioso.
É DoBem porque está lindo.
É DoBem porque é simples. E o simples é sempre mais.
O meu bolo de anos foi feito com amêndoas, cenouras e laranjas e foi adoçado com banana. E este creme branco é feito com milho e baunilha.
Curiosos? Vejam a receita. Mas atenção, porque aqui o truque é sempre aproveitar o que temos cá em casa.
Se quiserem encomendar o vosso bolo, podem ligar para o 215 864 718.
Ingredientes:
— Uma chávena de bebida vegetal de amêndoa
— Um terço de chávena de sumo de limão
— Um terço de chávena de azeite
— Uma banana (bem madurinha, diz a Mariana do Alecrim)
— Quatro a cinco colheres de sopa de mel ou pasta de tâmaras
— Raspa de casca de um limão
— Uma colher (chá) de extrato de baunilha
— Uma chávena e meia de farinha de espelta
— Uma chávena de amêndoas trituradas ou farinha de amêndoa
— Duas colheres de chá de fermento
— Uma pitada de sal
— Canela a gosto
Preparação:
Pré-aquecer o forno a 180 graus. Juntar os ingredientes húmidos primeiro, depois os secos. Envolver tudo muito bem e colocar numa forma previamente preparada com papel vegetal ou untada e levar ao forno durante cerca de meia hora ou até cozer.
Se quiserem fazer de cenoura, basta substituir a amêndoa por cenoura ralada. Podem usar laranja e substituir o sumo de limão por laranja.
Enquanto o bolo está no forno, esmaguem a banana. É o que vai dar um toque docinho ao bolo. Quando estiver pronto, abram ao meio e utilizem esta papa para o rechear.
Para decorar, podem utilizar o que preferirem. Ganache de cacau é uma boa opção. Neste caso, o Alecrim preparou um creme branco de milho e colocou frutas frescas por cima.
A Isabel Silva nasceu a 8 de maio de 1986 e é natural de Santa Maria de Lamas. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e fez uma pós-graduação em Cinema e Televisão pela Universidade Católica. Fez um curso de Rádio e Televisão no Cenjor e foi o seu trabalho como jornalista e produtora de conteúdos na Panavídeo que a levou para a televisão, em 2011. Durante 10 anos apresentou programas de entretenimento e, de forma intuitiva e natural, percebeu que aquilo que a move é a criação de conteúdos que inspirem, motivem e levem os outros a agir. Tem uma paixão enorme por comunicar e tudo o que comunica está intimamente ligado a uma vida natural carregada de energia, alegria e simplicidade.
É autora dos livros “O Meu Plano do Bem”, “A Comida que me Faz Brilhar”, “Eu sei como ser Feliz” e da coleção de livros infantis “Vamos fazer o Bem”.
Descobriu a paixão pela corrida em 2015, em particular pela distância da Maratona – 42.195m. Tem o desejo de completar a “World Marathon Majors” que inclui as 6 maiores Maratonas do Mundo. Já correu Londres, Boston, Nova Iorque e Berlim.
A 14 de Dezembro de 2016 lançou o blogue Iam Isabel e que hoje, numa versão mais madura, mas igualmente alegre e enérgica, é o canal DoBem.