Poucas coisas me dão tanto prazer na vida do que ver nascer algo que vem de dentro de mim, que está alinhado com os meus princípios e que eu sinto que acrescenta algo à vida dos outros. Foi assim quando lancei esta DoBem, é assim, agora, que vos apresento outra novidade: a minha coleção de roupa criada com a Aly John. São sete peças pensadas de base e alinhadas com os valores que defendo, que eu quero que durem a vida inteira. Memorizem esta ideia: “Que eu quero que durem a vida inteira.”
Deixem-me explicar o porquê.
Num mundo cada vez mais globalizado, em que quase tudo é industrializado, é cada vez mais difícil irmos à origem das coisas. E eu gosto de saber de onde vem aquilo que estou a usar, como foi feito, com que materiais, por quem, se foram respeitadas regras básicas ambientais e de comércio justo. Para mim, a melhor tendência de moda é unicamente aquela que faz fit com a maneira como cada um de nós vive a vida. Também é importante memorizar esta mensagem.
Escolher todos os dias aquilo que vou vestir leva-me muitas vezes ao desespero, porque a minha indecisão fala sempre mais alto e porque aquilo que visto tem de ser pensado para o meu dia a dia e para fazer televisão.
Troco de roupa mais do que uma vez por dia, e chateia-me estar sempre a pensar em combinações e conjuntos. Não gosto de saber que tenho uma peça maravilhosa no padrão e no design, mas que depois não é confortável.
Chateia-me ter peças que foram um investimento, mas que depois não uso com a regularidade que devia porque, afinal, não são assim tão versáteis.
Chateia-me, grande parte das vezes, perder demasiado tempo a pensar no que quero vestir porque vejo opções a mais no guarda roupa, e depois acabo sempre por vestir o mesmo.
Tudo isto me chateia e gera ansiedade porque só quero sentir-me confortável e bonita com aquilo que visto. Então, o truque é s-i-m-p-l-i-f-i-c-a-r.
A moda é muito emocional, mas tem de ter sentido prático. Gosto de roupas que me facilitem a vida e que não me deixem sempre com dúvidas, mas que me façam sentir sexy, confiante, poderosa, mas têm também de ser leves e, sobretudo, confortáveis.
É por essa razão que gosto de conjuntos monocromáticos, com peças que são facilmente conjugadas com outras essenciais, daquelas que ficam bem com tudo. Ou seja, coisas como umas calças de ganga, um blazer, T-shirts básicas, camisas brancas ou um trench coat.
Agora, há aqui um ponto muito importante: é que tudo isto só faz sentido se a qualidade dos tecidos for superior e se o “fitting” for perfeito. Porque só isto faz com que queiramos usar essas roupas para o resto da vida. E isto, minha gente, é ser sustentável.
Esta foi a tal mensagem que estava escrita num papel, dentro de uma das minhas gavetas dos projetos:
“A moda dá-nos o poder e faz-nos sonhar. Tem uma capacidade única de gerar tendências que se espalham rapidamente e que chegam a muita gente. E se a moda fosse usada para o bem? Para mostrar que precisamos de abrandar o consumo. De escolher melhor, em menos quantidade? É ou não é a moda um dos veículos da sustentabilidade?”
É importante memorizar esta mensagem e que cada um de vocês, que está a ler este texto, responda a esta pergunta:
Sabem aquelas calças de ganga clássicas que estão no guarda roupa há uns bons anos e que, por muitas calças que comprem, aquelas acabam sempre por ser a escolha de todos os dias? A minha pergunta é: porquê?
Ou é porque ficam sempre bem, porque a qualidade do tecido assim o permite, ou porque assentam como uma luva e vestem super bem. É daquelas peças que, na altura da compra, nos faz pensar que custa “uma pipa de massa”, mas que hoje, se calhar, achamos que até foi um preço justo.
Trabalhar em comunidade e para a comunidade. Esta é a minha filosofia de vida.
Escolhi e fui escolhida pelo João, pela Fernanda, pelo Manuel e pelo Miguel. A família Lamosa, de Guimarães que, hoje, fazem parte da minha família.
Lembro-me perfeitamente de quando conheci a Aly John. Foi há cerca de quatro anos numa loja multimarcas no Chiado. Vi dois pares de calças e, só à primeira vista, percebi que eram boas. Tinham pinta e pareciam vestir bem. Melhor ainda quando percebi que podiam ser costumizadas.
Enviei as minhas medidas e, em poucos dias, chegaram a minha casa umas feitas à medida do meu corpo. Nunca mais as larguei, e prova disso são as histórias que elas já contam.
Foram comigo para programas de televisão, jantares de amigos, eventos, férias e até as usei só para andar por casa.
E porque a moda, como disse, é emocional, quis ir até à fábrica para conhecer a equipa e a bonita costureira que produziu as minhas calças, a Conceição.
Foi amor à primeira vista. Os valores humanos e éticos desta empresa estão alinhados com os meus. Esta malta do Norte segue aquele lema de “se tu matas nós esfolamos”. E isso foi motivo mais do que suficiente para pensar em unir sinergias e lançar estas peças icónicas e dobem.
1. São um produto 100% português;
2. A produção é toda feita no nosso país e, com isso, estamos a promover o emprego nacional;
3. As peças têm um preço justo, tanto para produtor como para o consumidor. A Conceição produz, com amor, todas as peças desta coleção e faz um trabalho personalizado e único. Tem um horário de trabalho alinhado com o volume de produção e uma remuneração justa pelo que faz;
4. As peças são produzidas em pequena e média escala e não pretendemos massificar a produção, nem tão pouco estar constantemente a lançar coleções;
5. Todas têm o chamado Smart Design. Isto é, foram pensadas para serem facilmente conjugadas com as peças que já existem em qualquer guarda roupa e para se adaptarem a qualquer ocasiões. Mais, quatro das peças valem por duas;
6. A qualidade da matéria-prima permite um tempo de vida superior;
7. Temos Certificação GOTS (Global Organic Textile Standard). Isto garante que os produtos são produzidos a partir de materiais orgânicos. Esta norma é líder a nível mundial para as fibras orgânicas e inclui critérios sociais e económicos por forma a oferecer garantias confiáveis ao consumidor;
8. O nosso packaging é feito a partir de restos de tecidos da produção. Ao receber uma peça da coleção, chega também um lindo saco que ganhou vida a partir de tecidos que iam para o lixo;
9. Se é dobem. então também me pertence. Escolhi não dar nome à coleção. Ao invés, pus o meu nome no forro das peças. Sou o que visto e serei sempre aquilo que como. São os alimentos da terra que me dão energia e vitalidade para continuar a criar projetos bonitos e são eles também que me fazem brilhar. E se estas roupas me assentam como uma luva, a culpa também é da minha alimentação. As couBes (ou couves, para quem não é do norte) são o bilhete de identidade da coleção.
O que mais me entusiasma no meio de tudo isto não é tanto a coleção, mas sim a mensagem que quero passar.
A mensagem da consciência, de que tudo o que fazemos neste mundo impacta a nossa saúde e a saúde do nosso planeta.
A mensagem de que o caminho se faz caminhando e que cada um de nós deve agir e mudar de acordo com quem é, e não de acordo com o que a tendência nos impõe.
A mensagem de que as mudanças se fazem com equilíbrio e nunca com fundamentalismo.
A mensagem de que, antes de comprar, devemos em primeiro lugar, destralhar e dar mais vida ao que temos no nosso armário. Todos os conjuntos que compõe esta coleção são roupas minhas e da minha amiga Joana, que também me fotografou.
A mensagem de que comprar também é bom e vale a pena, mas que temos de ser inteligentes quando o impulso quer falar mais alto. Mas também está tudo bem se nem sempre conseguirmos combatê-lo. Interessa é ter consciência.
Aproveito e partilho convosco um conselho que uma amiga me deu: antes de comprarem, façam esta pergunta: vou usar esta peça mais do que 30 vezes ao ano?
Deu-me um gozo enorme fazer tudo isto. Sou uma abençoada pela equipa e família que tenho.
Obrigada à Quinta do Arneiro por estarem sempre comigo. São o mais e melhor porto seguro de sempre.
Obrigada Duarte e Madalena pela criatividade e amor nos arranjos destas lindas flores frescas.
Obrigada Joana Lemos pela lente e styling. Despertas sempre o meu melhor lado.
Obrigada minha querida Rebeca por me tranquilizares e por te entusiasmares com tudo o que faço.
Obrigada Rodolfo, companheiro de reportagens. Somos dupla para a vida
Obrigada João, Miguel e Fernanda. Como é bom trabalhar com mentes abertas, criativas e humildes.
Podem conhecer a coleção completa no site da Aly John, e aqui na fotogaleria.
A Isabel Silva nasceu a 8 de maio de 1986 e é natural de Santa Maria de Lamas. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e fez uma pós-graduação em Cinema e Televisão pela Universidade Católica. Fez um curso de Rádio e Televisão no Cenjor e foi o seu trabalho como jornalista e produtora de conteúdos na Panavídeo que a levou para a televisão, em 2011. Durante 10 anos apresentou programas de entretenimento e, de forma intuitiva e natural, percebeu que aquilo que a move é a criação de conteúdos que inspirem, motivem e levem os outros a agir. Tem uma paixão enorme por comunicar e tudo o que comunica está intimamente ligado a uma vida natural carregada de energia, alegria e simplicidade.
É autora dos livros “O Meu Plano do Bem”, “A Comida que me Faz Brilhar”, “Eu sei como ser Feliz” e da coleção de livros infantis “Vamos fazer o Bem”.
Descobriu a paixão pela corrida em 2015, em particular pela distância da Maratona – 42.195m. Tem o desejo de completar a “World Marathon Majors” que inclui as 6 maiores Maratonas do Mundo. Já correu Londres, Boston, Nova Iorque e Berlim.
A 14 de Dezembro de 2016 lançou o blogue Iam Isabel e que hoje, numa versão mais madura, mas igualmente alegre e enérgica, é o canal DoBem.