A Fernanda Botelho é uma das vozes mais respeitadas do herbalismo em Portugal. Autora de dezenas de livros, educadora ambiental e facilitadora de passeios botânicos, tem dedicado a vida a traduzir o mundo das plantas para o nosso vocabulário — e para o nosso quotidiano.
Nesta reportagem, viajamos até ao seu jardim para conhecer melhor o seu percurso e o seu modo de estar no mundo: uma vida guiada pelas plantas e por uma atenção profunda ao ritmo da natureza.
A ligação de Fernanda às plantas começou cedo. Aos 16 anos já era macrobiótica, movida por uma busca de autonomia e um fascínio pela vida natural. Pouco depois, viveu no Reino Unido, onde aprofundou estudos em botânica, fitoterapia e pedagogia, frequentando também a Sociedade Antroposófica. Estudou na Scottish School of Herbal Medicine e trouxe esse conhecimento de volta a Portugal, onde se tornou uma referência na área.
Mais do que aplicar o herbalismo como técnica, Fernanda vê as plantas como uma linguagem e uma forma de estar. Uma via de escuta, de presença, de transformação.
“As plantas ensinam-nos muito a sabermos estarmos no presente e a maravilharmo-nos no presente. É uma das formas de melhor percebermos a impermanência de todas as coisas.”
Nesta reportagem, a Fernanda fala do seu percurso, das práticas de reconhecimento de plantas, do poder dos passeios botânicos e da importância de educar para o contacto direto com a terra. Fala também da relação entre saúde e ecologia — da forma como o solo, as plantas e o corpo humano estão profundamente interligados.

“Sabia, sempre soube, que as plantas são a coisa mais importante do mundo. Elas vieram abrir o caminho para nós, seres humanos, podermos estar cá. São tão importantes e nós temos um desconhecimento tão grande sobre plantas.”
O trabalho da Fernanda é também um trabalho de mediação: entre saberes populares e conhecimento científico, entre tradição oral e educação formal, entre gerações e territórios. Os seus livros infantis, por exemplo, têm ajudado milhares de famílias a despertar o olhar botânico desde cedo, resgatando a ligação à terra com sensibilidade e rigor.
Ao longo desta reportagem, escutamos a voz de quem observa com tempo e conhece pelo uso. De quem sabe que o herbalismo não é uma moda nem um atalho, mas uma prática enraizada em cuidado, em repetição, em escuta. Uma via de reconexão com o que sempre esteve cá.
Esta é uma viagem pelo universo de Fernanda Botelho — e uma oportunidade de repensar a nossa relação com a saúde, o corpo e o território.