A natureza é perfeita… até começarmos a fazer zoom…
Quando vemos “ao perto” tudo se complica, ao ponto de rejeitarmos o que não devia ser rejeitado. Bem sei que é inconsciente, os nossos olhos guiam as mãos.
Mas porque será que ninguém pega numa couve com buracos ou porque é que uma courgette torta é a última a ser vendida?
Tanto uma como outra são perfeitas para serem consumidas.
Bem sei que o facto de algures no tempo, umas almas iluminadas terem decidido que não se vendem courgettes tortas, couves com buracos, maçãs de pequeno calibre ou tomate com defeitos na pele, acabou por retirar todos estes produtos da vista do consumidor.
Provavelmente, com pouco ou nenhum contacto com o mundo rural, pensarão que tudo o que nasce na horta ou no pomar já nasce de acordo com os critérios de perfeição das tais almas iluminadas.
Mas não. Felizmente que não. A natureza continua a teimar em personalizar, não fazendo nem ideia de que muitas das suas criações vão diretas para refugo por não preencherem os critérios estabelecidos.
Quando numa bancada de venda de frescos não encontrar couves com buracos ou courgettes tortas, desconfiem! Houve muitos e muitos quilos que ficaram pelo caminho e foram considerados refugo/lixo.
E os que escapam ao refugo são vendidos a preço mais baixo.
Porquê? Pergunto eu.
Demoram o mesmo tempo a crescer, recebem os mesmos cuidados, porque hão de valer menos? O sabor não mudou, os buracos não pesam, o torto e o direito é mesmo só uma questão de estética.
Quando nos dedicamos a todas as nossas couves de igual modo e elas nascem livres (de pesticidas), porque raio haveriam de valer menos as couves que a lagarta escolheu do que as que lhe escaparam?
Se tudo isto devia mudar? Claro.
Como? Perguntam.
A resposta está no consumidor. Somos nós enquanto consumidores que temos que começar a parar para pensar antes de qualquer ato de consumo.
A maior parte das vezes fazemo-lo de um modo automático. Não temos tempo para ir às compras, é tudo uma correria, quantas vezes não pensámos já em mudar os nossos hábitos de consumo? Mesmo os consumidores mais conscientes que fazem questão de usar a mente e não os olhos para guiar a mão, mesmo esses acabam tantas vezes atropelados pela correria.
Só mudamos quando nos consciencializamos. Só nos consciencializamos quando paramos para pensar.
Parar para pensar, fica o desafio.
A Luísa não consegue viver sem criar e tem uma enorme capacidade de resiliência: é raro haver alguma coisa que a faça baixar os braços. Os desafios são o seu combustível.
O melhor convite que lhe podes fazer é para um jantar com um bom vinho ou uma viagem pelo mundo à procura de quintas biológicas – o seu vício.
Há dias em que se sente a dona do mundo, outros em que o mundo lhe cai em cima. Há quem diga, que a Luísa é uma pessoa fria e, por vezes, bruta. Ela tende a discordar: é a emotividade à flor da pele e chora de emoção, se o estiver a sentir.
Só há um assunto que lhe tira o sono: as “tristezas” dos seus filhos.