Da minha viagem a Estocolmo, posso dizer que há um tema que marcou esta viagem: comida. E o que é que íamos comer em Estocolmo?
Não sei se tiveram oportunidade de ler a crónica que a Marta Candeia escreveu para a MAGG sobre Estocolmo, mas vou-vos deixar aqui um pequeno excerto que descreve na perfeição aquilo que também eu senti enquanto estávamos em Estocolmo.
“O que é facto é que, ali, tudo é apetecível e captador da nossa atenção. Da nossa atenção e dos nossos estômagos. A quantidade de restaurantes com opções verdadeiramente saudáveis é de fazer crescer gelo na boca. Começando com as mais cremosas papas de aveia do Pom & Flora ou com o tofu mexido em pão de fermentação lenta do Mahalo, parando no STHLM Raw para não perder a bowl da época, ou no MyVegina para sabermos o que responder quando nos perguntam “o que é um dahl?”, e terminando com o ramen ou com o caril do Dr. Mat — passava bem por Dr. Hälsa (“saúde” em sueco) —, tudo foi motivo para tentar incluir mais uma ou outra refeição no nosso dia. Já mencionei a importância de andarmos a pé, certo?”
É que é mesmo isto! Não podia ter descrito melhor. Praticamente tudo o que provávamos deixava água na boca e vontade de pedir uma segunda dose, e a verdade é esta: fizemos tantos quilómetros a pé por dia que os nossos estômagos pediam comida — uma média de 21km diários a andar.
Uma das coisas boas de muitos restaurantes em Estocolmo, ao contrário do que acontece em alguns sítios em Portugal, é que ali ninguém vos olha de lado se perguntarem coisas tão simples como “tem glúten?”, ou “leva açúcares refinados?”, ali essas perguntas são esperadas, e na grande maioria dos casos os funcionários dos restaurantes estão disponíveis para vos mostrar a lista de ingredientes completa, como nos aconteceu mais do que uma vez.
Outra questão importante a falar é o preço das coisas. Malta, é caro. Estocolmo é uma cidade cara. Mas, como em tudo na vida, é uma questão de perspetiva e investimento. Preferi, por exemplo, ficar a dormir fora do centro da cidade (bem mais barato) para podermos gastar um pouco mais nas refeições. Em Estocolmo compensa – a rede de transportes é um sonho. Tudo funciona a tempo e horas.
Deixo-vos aqui algumas das nossas sugestões de restaurantes, para que possam tirar algumas ideias e, quem sabem, se um dia foram a Estocolmo não terem de andar perdidos à procura de um sítios com comida do bem.
Este foi o primeiro sítio onde fomos comer quando chegámos a Estocolmo. É um espaço super acolhedor, com umas mesas pequeninas e muito engraçadas onde se pode comer mas, se estiverem só de passagem, pode funcionar como takeaway. Chegamos e preparamos a nossa salada ou bowl com os ingredientes que quisermos e fica tudo a uns 8€ ou 9€.
Uma das coisas de que mais gostei é que tem tudo um ar muito caseiro. A senhora que lá trabalhava até nos estava a contar a história da receita do hummus, que preparavam ali com beterraba. Nada é comprado ou em latado, e sente-se mesmo que a comida é boa, limpa e muito fresca. Outra coisa muito importante e que valorizo muito é que tudo o que usamos é compostável ou reciclável, como podem ver nas fotografias abaixo.
Morada: Regeringsgatan 28, 111 53
Assim que começámos a ver a entrada do Hermans, outro dos restaurantes que a Marta recomendou que experimentássemos, percebemos logo que ia ser um espaço romântico, que tinha vista para o rio. Assim que entrámos fomos imediatamente recebidas por uma sueca que nos ensinou a dizer olá (hallå), adeus (adjö) e obrigada (tack).
O Hermans é um buffet, bastante completo, e só para vocês perceberem a simpatia e boa vontade dos funcionários do restaurante, alguns dos pratos tinham glúten e açúcar, por isso, e para se certificarem de que não comíamos nada que não queríamos, trouxeram-nos a lista completa de ingredientes de cada prato da cozinha. Como disse, o buffet é mesmo muito completo: há lentilhas, quinoa, caril, arroz, kimchi — um fermentado de couve — sopa, pizzas, lasanha e muito mais que podíamos tirar as vezes que quiséssemos — eu e a Marta só comemos uma vez.
O buffet completo com chá e café incluído ficou a 20€ por pessoa. Uma coisa a notar: o Hermans, ao contrário da maioria dos restaurantes na Suécia que fecham a cozinha às 20 horas, prepara refeições até às 21h30. O espaço em si fecha às 22 horas.
Morada: Fjällgatan 23B, 116 28
Este foi um dos primeiro sítios onde tomámos o pequeno-almoço em Estocolmo, e é absolutamente maravilhoso, de tal forma que fomos lá uma segunda vez. Só para vocês perceberem bem o quanto adorámos este sítio, ficámos na dúvida sobre o que comer. É que à medida que íamos fazendo o pedido, as empregadas iam passando com coisas com um aspeto delicioso. Tostas de abacate, bowls de Açaí, uma série de pratos que dava vontade de comer e chorar por mais.
Recordo-me que eu e a Marta estávamos a almoçar e ao nosso lado estava um homem a comer. Realmente os homens comem mesmo numa proporção diferente das mulheres. É que enquanto nós tínhamos pedido uma bowl, ele tinha pedido uma bowl de banana e açaí e uma tosta, de abacate, se bem me lembro.
Quanto a preços, uma bowl custa cerca de 6/7€ e umas papas de aveia custam 8€. A sandes com abacate já é mais cara, fica a cerca de 12€, mas tudo isto é uma questão de perspetiva e investimento, como já vos disse. Outro detalhe importante: o Pom & Flora tem dois espaços em Estocolmo, um em Vasastan e outro em Södermalm. Ambos fecham cedo, entre as 15 e as 16 horas.
Morada: Odengatan 39, 113 51 ou Bondegatan 64, 116 29
Foi outro dos sítios onde fomos e tivemos de regressar. Fica na zona de Södermalm também, como o Pam & Flora, e fomos lá porque tínhamos muita vontade de comer uma tosta, já que no dia anterior comemos papas de aveia. Ora acontece que aqui a tosta não era tostada, entendem? Era uma sandes, mas era mesmo incríBel. É feita com pão de massa mãe, logo é muito mais digerível e saboroso, e, na verdade, faz lembrar muito a sandes amiga do intestino que partilhei convosco no meu livro. Já experimentaram a receita? Esta é quase igual. Tem recheio de creme de caju, abacate, alface e tomate e custa cerca de 4€.
Como podem ver nas fotos, o espaço é totalmente vegano e tem um ar alternativo, mas muito acolhedor. Gostei muito, especialmente da casa de banho onde, se lá forem algum dia, vão encontrar escrito “cinco dias em Estocolmo da Marta e da Belinha” numa das paredes.
O Mahalo também tem dois espaços, como o Pam & Flora, e da segunda vez que fomos gostámos ainda mais. Provámos as papas e, se querem que vos diga, não consegui decidir se gostava mais das do Pom & Flora ou do Mahalo. Mas ficam as duas dicas. Ah, e as papas aqui custam 9€.
Morada: Hornsgatan 61, 118 49 ou Odengatan 26, 113 51
Mais um restaurante de que gostámos tanto que repetimos. É um espaço muito convidativo e bonito que fica na zona de Hornstull, não muito longe de Södermalm onde fomos almoçar e onde toda a comida é vegana, sem glúten e raw, ou seja, não cozinhada ou cozinhada a temperaturas muito baixas (abaixo dos 42 graus) para não perder as propriedades nutricionais.
Além disso, aqui não entra qualquer açúcar, nem mesmo os saudáveis. Usam só o que está naturalmente presente em cada um dos ingredientes como a banana ou a tâmara, por exemplo. E vocês perguntam: “mas é possível?”, é, basta provarem e vão perceber.
Uma das coisas boas de vir comer a sítios como estes é que ninguém vai achar estranho nem olhar de lado se vocês perguntarem se tem glúten ou açúcar. É normal, e toda a gente espera isso. Ficámos num excitex tão grande com este sítio que nem sabíamos o que pedir para almoçar. Optámos por uma Autumn bowl (13€) e a Raw Taco Salad (12€). Gostámos tanto da comida daqui que até levámos connosco uma trufa de coco e limão para comermos ao lanche.
Morada: Långholmsgatan 11, 117 33
O Dr. Mat não é propriamente um restaurante. É um café ou cafetaria, como preferirem chamar, que também tem um grab & go, como o Holy Greens. Mas o mais engraçado é que os espaços deles parecem uma farmácia — daí o nome Dr. Mat. Há muitos produtos feitos por eles, como podem ver nas fotos, e imensos fermentados sem açúcar que são preparados ali mesmo. O conceito deles é “nós somos aquilo que comemos”, e tudo o que possam comer ali é delicioso, mesmo que não tenha açúcar nem glúten.
Além do espaço de rua, o primeiro onde fomos, existe um outro num centro comercial que é estilo El Corte Inglés, sabem? Voltámos lá porque apanhámos uma desilusão num outro restaurante (já lá vamos), e sabíamos que ali se comia bem. Há bowls e pratos, mas também encontram snacks como overnight oats, por exemplo.
Não é muito barato, comemos um caril de couve flor com lentilhas beluga e foi 12€ cada prato, mas, na verdade, é um investimento na nossa saúde, porque a comida é mesmo muito limpa, eles usam imensos probióticos e fermentados. Além disso, são todos uma simpatia. Num dos dias o senhor de lá até me deu um postal em forma de bróculo, que podem ver as fotos.
Morada: podem encontrar todos os espaços do Dr. Mat no site, aqui
Este foi outro dos sítios onde fomos almoçar num dos nossos dias em Estocolmo e onde comi o melhor Dahl de lentinhas de sempre. Faltam-me as palavras para vos explicar o quão bom era este dahl. Só para perceberem, estava ao nível do que como no Alecrim aos Molhos, e vocês já sabem o quanto adoro a comida deles.
O espaço só serve comida vegana e, como podem ver nas imagens, é muito pequenino, portanto o melhor é tentarem ir antes da hora de almoço para conseguires arranjar lugar para se sentar. Mas acreditem, vale a pena para quem gosta deste tipo de alimentação.
Mais uma vez, não foi o mais barato que encontrámos, cada um dos Dahl ficou a 12€. Não é muito caro, mas a verdade é que, como vos disse, decidimos investir na alimentação e em experimentar comida boa e que vá ao encontro daquilo que gostamos, por isso, não nos custava assim tanto pagar em certos sítios porque sabíamos o que estávamos a comer.
Morada: Norrtullsgatan 21, 113 27 ou Medborgarplatsen 3, 118 72
Este é o sítio ideal para quem adora pizza, mas que quer comer boas pizzas. Aqui, todos os ingredientes são de origem biológicas e, caso queiram, existem opções vegetarianas e veganas e até massa sem glúten (que tem um custo extra).
Posso dizer-vos que as pizzas são muito boas, mas pedimos uma pizza média para as duas, o que pedimos não foi o suficiente para nos saciar. Convém pedir uma familiar e dividir, assim sim, fica-se bem. Como já devem ter percebido por agora, andámos muito durante esta viagem, portanto tínhamos muitos apetite.
As pizzas são caras, deixem-me dizer-vos. Uma pizza grande, para duas a quatro pessoas, fica entre 28 e 32€ e uma fatia custa 4€, mas a verdade é que são boas, como vos disse. Para além das pizzas, ficámos encantadas com o espaço. É lindo, todo em tons rosa, com sofás de veludo e umas casas de banho cheias de glamour como, aliás, a maioria das casas de banho suecas.
Morada: Tegnérgatan 7, 111 40
Esta foi, provavelmente, a nossa maior desilusão em Estocolmo. Não é que a comida seja má, porque não é, faz lembrar o Natural Crave e tem produtos com qualidade, mas a verdade é que se paga demasiado para aquilo que se come.
Uma Bowl ronda os 10€ e devo dizer-vos que não delirei com o que comi. A Marta ainda se enervou mais porque a empregada não era muito disponível. Se calhar tivemos azar e serviram-nos doses pouco generosas, mas soube a pouco.
Com isto, não quero dizer que não vão porque, como expliquei, podemos ter tido azar, mas a realidade é que a comida tem bastante qualidade e, se quiseres, até podem levar convosco para comer fora.
Morada: podem consultar todas as moradas do LETT no site
A Isabel Silva nasceu a 8 de maio de 1986 e é natural de Santa Maria de Lamas. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e fez uma pós-graduação em Cinema e Televisão pela Universidade Católica. Fez um curso de Rádio e Televisão no Cenjor e foi o seu trabalho como jornalista e produtora de conteúdos na Panavídeo que a levou para a televisão, em 2011. Durante 10 anos apresentou programas de entretenimento e, de forma intuitiva e natural, percebeu que aquilo que a move é a criação de conteúdos que inspirem, motivem e levem os outros a agir. Tem uma paixão enorme por comunicar e tudo o que comunica está intimamente ligado a uma vida natural carregada de energia, alegria e simplicidade.
É autora dos livros “O Meu Plano do Bem”, “A Comida que me Faz Brilhar”, “Eu sei como ser Feliz” e da coleção de livros infantis “Vamos fazer o Bem”.
Descobriu a paixão pela corrida em 2015, em particular pela distância da Maratona – 42.195m. Tem o desejo de completar a “World Marathon Majors” que inclui as 6 maiores Maratonas do Mundo. Já correu Londres, Boston, Nova Iorque e Berlim.
A 14 de Dezembro de 2016 lançou o blogue Iam Isabel e que hoje, numa versão mais madura, mas igualmente alegre e enérgica, é o canal DoBem.