Se é verdade que a minha vida é, na sua maior parte, dedicada aos caminhos de expansão da minha consciência – também é bem verdade que esta é uma estrada longa, cheia de curvas e contracurvas, com algumas retas, buracos e lombas! Vamos seguindo com confiança, umas vezes numa auto-estrada com 3 faixas, outras pela estrada nacional mais estreita (na montanha mais alta) que possamos imaginar!
É assim que aprendemos, que nos superamos, que integramos tudo o que lemos e percebemos, que as palavras – já tantas vezes repetidas – fazem “clique” dentro de nós e nos levam a um estado de epifania e de profunda mudança interna.
E como são fascinantes estas viagens que fazemos pelo nosso Ser!
Foi isso que aconteceu no meu primeiro retiro espiritual.
Foi no ano de 2014 e tive direito até a um manual (do qual já nem me lembrava e que fui resgatar para ter – enquanto escrevia este artigo – o apoio emocional de uma centelha física que viveu este mesmo momento comigo).
O RETIRO
Um retiro é um momento temático em que, como o nome o indica, um grupo de pessoas escolhe “retirar-se” do mundo (vulgo, do seu quotidiano) em detrimento de uma pausa para conexão e aprendizagem interna. Por norma, é composto por vários dias e pode ter, ou não, alojamento e refeições incluídas.
Na altura, eu já era uma apaixonada por tudo o que eram experiências espirituais e já tinha frequentado grupos de trabalho que duravam uma tarde, eventos de um dia inteiro, consultas e terapias em gabinete, cursos, workshops e iniciações focadas num tema em concreto. Mas nunca tinha experienciado nada que fosse tão intensivo como só um retiro pode ser!
Era quase fim de ano e fui desafiada: vamos fazer um retiro de 3 dias?
“Preparar o ano novo” era um dos meus nomes do meio e sempre adorei encerrar ciclos para conseguir abrir outros novos cheios de esperança e de energias renovadas! Era fácil fazerem-me alinhar nestas aventuras – eu sou uma entusiasta. Principalmente quando se trata de energéticas. Mas poder meditar sobre o ano que acabava e entregar-me, ao novo, em conexão comigo mesma – era o que me aliciava mais. Não sabia o que esperar e não me interessava saber: queria sentir a vibração da excitação que me trazem estes momentos e descobrir o que estava para vir.
O nome do local era 4Ventos e – sendo eu uma pastora de vento – achei que isso era um bom presságio. A companhia (da minha prima) era ideal – tenho uma grande conexão com ela. As fotografias do espaço mostravam que ele tinha uma grande sala redonda – repleta de madeira – com uma lareira enorme e até parecia que as ouvia sussurrar-me “vemmmmm” num aconchego sem fim!
O valor era razoável, o nome da facilitadora era Rute Caldeira e o tema era (preparem-se): leitura energética.
Ahhhhhhhhhhhhh! Não aguentava!
(Muito) resumidamente, a leitura energética é uma técnica na qual alguém é o “leitor” (o sensitivo que pode estar – ou não – no papel de terapeuta) e outro alguém é a pessoa que vai “ser lida”. Uma das terapias de leitura energética mais conhecidas é a Leitura da Aura – mas esta não é a única. Na verdade, podemos ser intuitivos e, de forma natural, fazermos leituras energéticas a pessoas ou quando vemos fotografias. Quando “lemos” a energia de alguém, conectamo-nos à pessoa e à sua vibração e percebemos – em empatia plena – a informação que o seu campo energético nos transmite.
Andava eu há tanto tempo para fazer um curso de Leitura da Aura – nunca iniciado devido ao tempo de formação e às regras que compunham o mesmo (sou uma pessoa muito prática e rápida): e agora esta oportunidade!
Inscrevi-me!
Mas não pensei em se ia ser capaz, ou não, de ler alguém ou de ter sucesso na minha prática. Isso iria fazer-me ficar com medo e desistir só de pensar que podia falhar! Na altura – era muito suscetível a isso e sabia-o. Trabalhava este tema não o alimentando – para não me cortar a iniciativa.
O QUE FIZ
Não tenho o programa detalhado – mas sei que acordamos sempre cedo e que começamos o dia com uma aula de Yoga.
De seguida, havia momentos de passagem de informação e aprendizagem – momentos mais práticos que eram intercalados ou se seguiam de meditações guiadas.
No segundo dia, depois de percebermos que a Leitura da Aura é uma conversa de espírito para espírito, onde são captados registos importantes que estejam na aura da pessoa que está a ser lida e que é como ter um acesso ao interior do outro, de forma a transmitirmos informações que são, para ele, importantes no momento da leitura – começamos a parte prática das leituras aos pares.
Com este método, podemos trazer ao consciente o que está no inconsciente. A compreensão de problemas e bloqueios é facilitada e são desbloqueadas muitas situações. Ao mesmo tempo, durante esta terapia, e devido a uma técnica chamada “Meditação das Rosas” (que também aprendemos e fizemos), acontece uma limpeza energética profunda.
O que mais me marcou nesta proposta da Rute, é que a leitura energética era ensinada de forma descomplicada – fluída, com base no sentir e na confiança em nós mesmos. Não havia palavras mágicas ou salamaleques: o funcionamento básico “da coisa” foi posto em cima da mesa e depois fomos lançados para o vazio com a certeza de que a rede ia aparecer!
Fomos incentivados a ouvir o nosso interior e a darmos crédito às informações e sensações que nos apareciam. E não é que eram reais? E não é que foram batendo certo?! E o alívio que acontece em nós quando percebemos que somos capazes, que é possível e que, afinal, não somos assim tão loucos quanto pensávamos?
O IMPACTO QUE TEVE EM MIM
No manual que recebi e que ainda guardo, preparado com todo o amor e carinho que é característico da querida Rute, pude ler na sua capa:
“ONDE ESTÁS TU? AQUI!
QUE HORAS SÃO? AGORA!
QUEM ÉS TU? ESTE MOMENTO!”
Não pratiquei mais a Meditação das Rosas e o que mais me ficou destes dias (e onde reside a verdadeira magia) foi:
O facto de ter “sido obrigada” a sentar e ler outras pessoas – a pôr em prática o que já fazia no meu interior com toda a descrição e, melhor, poder confirmar que o que eu “lia” e sentia estava certo: mudou-me. Continuamos a precisar sempre de validação, não é? Até chegar o dia em que deixamos de ter essa necessidade – ainda demora.
Perceber que “não eram coisas da minha cabeça” e que podemos pegar nas “fórmulas” que nos são transmitidas e adaptá-las à terapeuta que somos também foi um alívio.
Durante este retiro percebi que, não era por ser mágico que tinha de ser complicado – antes pelo contrário. Percebi que nem tudo é imaginação e que um mundo encantado podia ser (e é) a minha realidade. Percebi que as transformações estão onde menos esperas e que as pessoas certas aparecem na altura certa para nos ajudar a pular. E se isto não é a grande beleza da vida e um milagre enorme – não sei o que será.