Viver de forma consciente é cada vez mais urgente! Disso, todos temos a certeza. Contudo, é importante irmos assimilando a informação sobre a realidade do nosso planeta de forma a conseguirmos integrar tudo em nós e começarmos a mudar de hábitos de forma regrada, com entrega, mas sem gerar demasiada pressão, confusão ou ansiedade interna. Neste artigo, encontram uma exposição sobre a nossa realidade ambiental – mas, também, dicas práticas para inspirar à mudança. Juntos e já, vamos cuidar do planeta!
A minha luta começou pelo plástico, essa foi a minha porta de entrada! Hoje tenho uma visão mais abrangente da dimensão social em que vivemos. Por exemplo, sei que as principais fontes de emissões são:
- 73% do consumo de energia (electricidade, calor e transporte)
- 18% da agricultura e do uso da terra [aumentar para 25% quando se considera o Sistema alimentar como um todo – incluindo processamento, embalagem, transporte e venda a retalho]
- 8% da indústria e resíduos
O equilíbrio ambiental é hoje extremamente frágil e vivemos numa situação de emergência climática que exige o mesmo tipo de ações e de veemência no seu combate:
- uma economia centrada num crescimento célere e constante, absolutamente dependente do consumo e do consumismo, hipercarbónica, ao serviço da extração imparável de recursos e da emissão de CO2, provocando o aquecimento global;
- uma sociedade que acumula objetos inúteis, descartando, enterrando e queimando esses mesmos objetos, depois de os transformar rapidamente em resíduos;
- fenómenos meteorológicos extremos, progressiva subida do nível do mar, secas prolongadas;
- deslocações populacionais em massa, fome, ausência de acesso a água potável;
- vastas áreas devastadas em nome do cultivo intensivo e da criação de gado, sacrificando a biodiversidade e votando-a a um declínio irreversível.
Um paradigma esgotado e que tem os dias contados num planeta cujos recursos exaurimos a um ritmo que inviabiliza a sua (auto)renovação.
Explosão demográfica, alterações climáticas, desflorestação e perda de biodiversidade
Vivemos numa era definida como «Antropoceno» (Paul Crutzen), a primeira era geológica marcada pelas alterações biofísicas das ações humanas à escala planetária. Este é um momento extremamente crítico, num planeta cujos recursos exaurimos, provocando a emissão de CO2 em níveis que excedem há muito o que é considerado seguro, desencadeando o aquecimento global.
A nossa casa está a arder. – Greta Thunberg
Esta sociedade do «deita fora» gerou também a crise de lixo que temos hoje entre mãos e que não tem fronteiras. Vivemos uma crise global de desperdício que é fruto do nosso comportamento consumista e de uma economia linear baseada num padrão de produção e descarte sucessivos; temos de perceber que esse paradigma se esgotou e tem os dias contados.
Analisando o desperdício que geramos, o plástico de uso único é, sem dúvida, a representação (e projeção simbólica) desta era do descarte e do estado a que chegámos – o da iminência da catástrofe. Este material é o principal agente (omnipresente e, por isso, global) da poluição marinha, causando danos irreversíveis nos ecossistemas, devido à sua permanência e durabilidade, com consequências nefastas na saúde humana e do planeta.
É urgente repensar o consumo e a cadeia de valor, estender a vida e o uso dos materiais, pondo em prática técnicas inovadoras, criativas e disruptivas de design aquando da conceção de produtos, que permitam a sua reutilização e, em última análise, garantam a sua reciclabilidade e circularidade. E mesmo isso não chega.
É sobretudo decisivo colocarmos em prática o modelo dos «R»,implementado por Bea Johnson, da pirâmide da sustentabilidade (recusar, reduzir, reutilizar, reciclar e compostar) – por esta ordem.
Sem dúvida, este é um tempo de grande apreensão, mas também por isso uma oportunidade única de mudança e de regeneração. Aqui ficam alguns sinais de esperança (ativa) bem como sugestões de atuação e de responsabilização. Vamos cuidar do planeta!
Vias de regresso ao planeta
- Votar no Planeta nas eleições, privilegiando programas políticos que contemplem a mitigação e adaptação às alterações climáticas como uma verdadeira prioridade.
- Optar por Energia renováveis.
- Soluções de mobilidade suave por parte das autarquias (por exemplo, bicicletas).
- Procura de produtos locais e biológicos, contrariando os circuitos longos agroalimentares e a produção intensiva, reforçando os laços com os pequenos produtores e com o comércio tradicional e de proximidade, com os mercados locais, muitas vezes por meio de encomenda de cabazes entregues ao domicílio, e sublinhando importância da capacidade de resiliência e autossuficiência promovidas pela vida em comunidade e pela economia circular.
- Aplicação efetiva da diretiva comunitária da água para a defesa dos recurso hídricos do país.
- O turismo rural e de Natureza como alternativa com menor impacto ao turismo massificado, contribuindo para a redescoberta do país e para a revalorização dos seus recursos naturais e culturais.
- A importância da ciência como principal aliado na resolução dos problemas humanos e a confirmação de que é essencial investir em investigação científica. Procurar fontes fidedignas.
- Adoção de uma alimentação de base vegetal, reduzindo o consumo de alimentos de origem animal.
- Consolidação do compromisso por parte de todos os agentes da cadeia alimentar para combater o desperdício alimentar.
- Compostagem comunitária.
- Redução e eliminação do desperdício têxtil.
Esta é a Década da Ação no que respeita aos objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pelas Nações Unidas: “A Década da Ação implica a nossa própria superação enquanto espécie, não apenas para salvar o mundo moderno, mas para salvar o Planeta Terra”.
pela Mentora, Eunice Maia
Agora,
vamos às Dicas práticas para Cuidar do Planeta
Cortar todo o plástico descartável, perceber as alternativas e começar a fazer a substituição aos poucos é fundamental. Falamos com a Rita Tapadinhas, que nos contou um pouco da sua história e hábitos para cuidar do planeta, deixando-nos as seguintes dicas práticas para um consumo mais consciente de plástico.
Cozinha
- Em vez dos esfregões de loiça de plástico – que deixam microplásticos na comida – optar por um biodegradável que possa ser devolvido ao ciclo da natureza depois de esgotado;
- Compra de mercearias a granel, levando os nossos próprios recipientes;
- Optar por detergentes concentrados (para a mesma quantidade final de produto, a embalagem é menor);
- Comprar embalagens maiores e consumir o produto por inteiro;
- Evitar talheres descartáveis;
- Acondicionar os produtos em materiais reutilizáveis (eliminar películas aderentes, papel vegetal, tampas de plástico,…).
WC
- Usar pensos mestruais reutilizáveis, copos ou cuecas menstruais;
- Escolher escovas de dentes recarregáveis;
- Optar por cosmética sólida (desodorizandes, champôs, hidratantes,…)
Dia a dia no exterior
- Utilizar garrafas descartáveis;
- Levar sacos de pano;
- Levar a chávena de café para evitar recorrer aos copos de papel ou plástico que há em muitas empresas.
Mas atenção: não acumular demasiadas garrafas e sacos reutilizáveis em casa!
Também ouvimos o que o Tiago Matos tinha para nos contar e inspirar!
Aqui ficam as dicas dele relativamente a alguns dos seus hábitos diários:
- Comprar a granel;
- Não comprar champôs com embalagens de plástico;
- Usar escova de dentes reutilizável – manter o cabo;
- Recorrer a pasta de dentes de marcas mais responsáveis ou pastilhas sólidas;
- Não esquecer os sacos de pano para ir às compras;
- Garrafa de água de inox;
- Recusar o papel higiénico – uso do bidé portátil ou de quadradinhos de pano reutilizáveis;
- Recusar a fast fashion – comprar em segunda mão e reaproveitar o que se tem.
Se queres começar a mudar para puderes cuidar do planeta connosco – recomendamos que leias, também, o nosso artigo sobre Ecoansiedade.