“A economia estuda a racionalização dos recursos finitos”, disse-me a Lídia Pereira no início da nossa conversa. E, de facto, faz todo o sentido. Por isso é que é tão importante a economia andar de mãos dadas com a sustentabilidade, não basta o nosso agir do dia a dia com consciência e de forma consistente.
Com isto, quero dizer que não basta cada um de nós reciclar, consumir alimentos de produtores locais, comprar menos roupa, com mais qualidade e de produção nacional, ter uma horta ou, simplesmente, usar os seus pés ou a bicicleta como meio de transporte. Não basta, porque também precisamos que as empresas e as marcas sejam agentes da mudança, que sejam também elas um exemplo de sustentabilidade na forma como trabalham. Elas também têm o poder de informar, educar e contribuir para mudança de comportamentos do consumidor.
“A solução passa pela transição de um modelo de economia linear para um modelo de economia circular”, disse-me a Lídia.
Se repararem, hoje em dia os produtos são pensados e criados para um período de vida útil limitado de modo a levar os consumidores a usar e deitar fora, para depois comprarem outra vez. Ora, isto significa que a procura das matérias primas, que são finitas, vai aumentar, assim como o consumo de energia e emissões de CO2.
O que a economia circular vem trazer é um modelo de produção e consumo de partilha, reutilização, aluguer, reparação, renovação e reciclagem, enquanto for possível. No fundo, o objetivo é que o ciclo de vida dos produtos seja alargado. Estamos a reduzir desperdício e a dar vida aos materiais, acabando por criar mais valor.
Convido-vos a ouvirem a minha live com a Lídia Pereira, que está disponível através do meu Instagram — podem ver aqui. Ela refere exemplos de empresas portuguesas que já estão a atuar nesse sentido.
Questionei a Lídia sobre esta questão, e a primeira coisa que ela me disse foi para assistir ao documentário do David Attenborough, “Uma Vida no Nosso Planeta”, que está disponível na Netflix. A resposta está neste documentário. É preciso a participação de todos, e é imperativo repensar os modelos de negócio.
Foi muito bom escutar a Lídia e perceber que a legislação europeia está alinhada neste caminho. E esta mulher, que tem apenas 29 anos, faz parte do processo.
No Parlamento Europeu, a Lídia lê relatórios que têm de ser debatidos, tem reuniões em Comissões Parlamentares e, sobretudo ouve, sejam organizações, associações, especialistas ou entidades. E realmente, se queremos mudar o mundo e representar o interesse de cerca de 446 milhões de cidadãos europeus, temos de estudar, analisar e refletir, para depois tomarmos decisões.
Mas no meio de tudo isto, aquilo que mais me fascinou na Lídia, e que acredito ser a base do seu percurso académico e político, é o seu forte sentido de comunidade, que nasceu no dia em que entrou para os escuteiros, e no dia em que saiu da sua cidade, Coimbra, para participar no programa Erasmus em Praga, na República Checa.
O espírito de um escuteiro é o espírito que qualquer cidadão deve ter a partir do momento que escolha evoluir. Ser escuteiro é saber reconhecer as diferenças e aceitar as pessoas como elas são, é saber dar a volta às adversidades e abraçar novos desafios. É, sobretudo, ter espírito de serviço.
Da mesma forma, passar por uma experiência de seis meses longe de casa, no caso da Lídia, na cidade de Praga, nos transforma para melhor: desde partilhar a casa com pessoas de outras culturas e mostrar que somos capazes de viver fora de casa dos pais, à convivência com pessoas diferentes, até à aprendizagem de novas línguas. Estes são apenas alguns dos exemplos que a Lídia me deu e que em muito contribuíram para o seu crescimento pessoal e relacional.
O Erasmus foi uma experiência que a faz com que, hoje em dia, a Lídia tenha uma visão mais global e menos umbiguista e confinada apenas à sua realidade. E eu acho, honestamente, que é deste tipo de pessoas que o mundo precisa. Pessoas que escolham evoluir e com um forte sentido de união e cooperação.
Este é, para mim, o lado certo que todos os políticos devem ter. Aproveitar a oportunidade que lhes foi concedida para estarem ao serviço de todos, neste caso em concreto, dos cidadãos europeus.
Muito de nós ainda vemos a política de uma forma cinzenta e, por isso, tal como me disse a Lídia, é preciso “novos protagonistas com uma nova mensagem política para renovar a confiança de todos”. Em boa verdade, a política não deve ser vista como uma profissão, mas sim como um estado.
Quando perguntei à Lídia se, na altura em que estudava Economia na Faculdade de Coimbra, algum dia pensaria estar no Parlamento Europeu, ela disse:
“Eu gosto de seguir a minha intuição”, começou por explicar. “Ao longo do meu percurso académico, profissional e pessoal, há algo que se mantém: os meus valores e convicções. Quanto ao resto, não faço futurologia. Como costumo dizer: ‘I’ll keep going with the flow’”.
Ora bem. É tão isso, Lídia. És cá das minhas.
A Isabel Silva nasceu a 8 de maio de 1986 e é natural de Santa Maria de Lamas. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e fez uma pós-graduação em Cinema e Televisão pela Universidade Católica. Fez um curso de Rádio e Televisão no Cenjor e foi o seu trabalho como jornalista e produtora de conteúdos na Panavídeo que a levou para a televisão, em 2011. Durante 10 anos apresentou programas de entretenimento e, de forma intuitiva e natural, percebeu que aquilo que a move é a criação de conteúdos que inspirem, motivem e levem os outros a agir. Tem uma paixão enorme por comunicar e tudo o que comunica está intimamente ligado a uma vida natural carregada de energia, alegria e simplicidade.
É autora dos livros “O Meu Plano do Bem”, “A Comida que me Faz Brilhar”, “Eu sei como ser Feliz” e da coleção de livros infantis “Vamos fazer o Bem”.
Descobriu a paixão pela corrida em 2015, em particular pela distância da Maratona – 42.195m. Tem o desejo de completar a “World Marathon Majors” que inclui as 6 maiores Maratonas do Mundo. Já correu Londres, Boston, Nova Iorque e Berlim.
A 14 de Dezembro de 2016 lançou o blogue Iam Isabel e que hoje, numa versão mais madura, mas igualmente alegre e enérgica, é o canal DoBem.