Independente do género, todas as pessoas possuem energia masculina e feminina em si e, se estiverem em equilíbrio, é possível viver uma vida mais leve e com propósito.  Porém, o que acontece nos dias de hoje é o desequilíbrio das  polaridades.  Expressões como “um homem não chora” e a “mulher super-heroína que dá conta de tudo sozinha”, são exemplos disso.  

Neste artigo e reportagem, o Alberto Azevedo – formador e terapeuta na área do auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal – aprofunda este tema convidando-nos à reflexão sobre a forma como estamos a conduzir o nosso equilíbrio através da energia yin e yang que habitam em nós.

O conceito de energia masculina e feminina refere-se a diferentes qualidades que são vistas como complementares e necessárias para o equilíbrio. Estas energias não têm a ver exclusivamente com gênero biológico, mas são qualidades que todos os seres humanos podem expressar, independentemente de serem homens ou mulheres.

A energia masculina, muitas vezes é associada ao símbolo do sol – ou do yang na filosofia chinesa – e é caracterizada por:

• Ação para tomar iniciativas, ser proativo.
• Lógica e Racionalidade com tomada de decisões baseada na lógica e nos fatos.
• Competição e desejo de vencer.
• Foco e Direção para estabelecer metas e trabalhar para alcançá-las.

Já a energia feminina, é frequentemente associada ao símbolo da lua – ou do yin – e é caracterizada por:

• Intuição e conexão com sentimentos e emoções.
• Criatividade e nutrição, cuidado e suporte.
• Empatia, capacidade de se ligar emocionalmente com os outros.
• Recetividade, estar aberta para receber, acolher.
• Flexibilidade, adaptabilidade e fluidez.

Um equilíbrio saudável entre essas duas energias resulta em harmonia e bem-estar, tanto ao nível individual enquanto coletivo. Por exemplo, num indivíduo, a energia masculina pode ajudar a avançar e atingir objetivos, enquanto a energia feminina pode proporcionar o cuidado e a intuição necessários para um crescimento sustentável e significativo. Nos relacionamentos e nas organizações, a colaboração entre essas energias pode levar a um ambiente mais equilibrado e produtivo.

O equilíbrio entre energia masculina e feminina é fundamental para a saúde e o bem-estar tanto de homens como mulheres. Ambos têm ambas em si! Essas energias, que não têm a ver com género biológico, mas com qualidades e características complementares, precisam ser integradas harmoniosamente para promover uma vida plena – havendo vários benefícios tanto para a saúde mental, como emocional.

Por exemplo:
no equilíbrio emocional, ao cultivar tanto a racionalidade quanto a intuição, as pessoas podem lidar melhor com situações stressantes, adaptando-se e respondendo de forma mais equilibrada.

Outro exemplo nas relações:
a energia feminina promove empatia e habilidades de comunicação emocional, enquanto a energia masculina favorece a clareza e a assertividade, resultando em relacionamentos mais saudáveis e equilibrados.

Com um equilíbrio entre dar e receber as relações pessoais são mais dinâmicas, harmoniosas e mutuamente satisfatórias.

A energia masculina fortalece a autoconfiança e a assertividade, enquanto a energia feminina promove a compaixão e o autocuidado. Assim, integrar e equilibrar ambas as energias, permite um desenvolvimento pessoal mais completo.

Vamos usar vários exemplos – para que possam perceber. Porque, não podemos generalizar ao falar de indivíduos, certo? Mas há sempre padrões e tendências. Ora vamos lá:

No ambiente de trabalho, através de uma liderança equilibrada:

um líder que integra em harmonia entre energia masculina e feminina pode tomar decisões firmes (energia masculina) enquanto cuida e motiva a sua equipa (energia feminina). As empresas que valorizam a inovação (energia feminina) e a estruturação eficiente (energia masculina) tendem a ser mais bem-sucedidas.

Na vida pessoal e nos relacionamentos saudáveis:

os casais que equilibram a assertividade e a empatia, a ação e a recetividade, conseguem construir relações mais fortes e duradouras.

Aqueles que dedicam tempo tanto a alcançar objetivos (energia masculina) quanto a cuidar de si mesmos e dos outros (energia feminina) têm vidas mais equilibradas e satisfatórias.

Para melhorar e mudar primeiro temos de compreender.

ENERGIAS MASCULINA E FEMININA NAS RELAÇÕES

Desenvolver as energias masculina e feminina de forma saudável nas relações exige uma abordagem consciente e equilibrada, onde cada indivíduo cultiva tanto a sua energia masculina quanto a feminina.

Relacionamento exige entrega e confiança. Aqui podemos abordar a questão de duas perspetivas: energia masculina e feminina, dentro de cada um de nós – e relação entre género. Se a relação interna não estiver curada, não dás o que não tens. Aqui o autoconhecimento é fundamental. Conhecer o que te limita – nessa entrega e relação entre o teu feminino e masculino. Que parte rejeitas ou aceitas em ti?

O feminino sente e o masculino expressa.

Um masculino equilibrado é a expressão do sentir. Na mulher, por exemplo, o feminino ferido vai resultar num masculino agressivo. Essa expressão está muito ligada às nossas dores internas.

O outro fator que contribuiu para a desintegração do masculino e para a ferida desta conexão, é o patriarcado.

O patriarcado é a expressão da “psicologia da criança” e não representa o potencial da essência masculina. O patriarcado é baseado no medo, no medo da criança de não ser aceite e reconhecido.

Homens com medo em assumir os seus sentimentos, são crianças a fingir ser homens.

Confunde-se muito essa masculinidade infantil (os comportamentos controladores, de força do homem no sentido protetor e defensor) como se fossem a verdadeira força, a verdadeira masculinidade.

Na realidade, o que isso demonstra é uma extrema vulnerabilidade e fraqueza subjacentes, a vulnerabilidade do menino ferido.

A psicologia das crianças é caracterizada pela luta pelo domínio.

A psicologia dos homens é o oposto: é criativa e estimulante, calmo, com compaixão, clareza de visão e criatividade. É uma força silenciosa.

O homem nasce num género masculino para aprender e desenvolver essa masculinidade, a mulher para aprender e desenvolver a sua força feminina.

Neste aspeto é importante olhar para a ancestralidade. Trazemos muita bagagem que é importante aceitar e honrar para transmutar.

Existem muitas mulheres que rejeitam, anulam e bloqueiam a sua energia feminina e procuram a masculinidade tóxica exatamente pela programação que não têm consciência que têm.

Agora vou falar-vos dos 4 Elementos. E pensam vocês? O que é que isto vem para aqui fazer? Pois bem, são formas de conexão. Ao longo da minha experiência naquilo que trabalhei com outras pessoas acredito que as relações amorosas são mais saudáveis, conscientes e estáveis, se tiverem os 4 Elementos presentes. Desta forma, senti importante deixar aqui estas notas sobre os mesmos. Sei que vão gostar.

OS 4 ELEMENTOS PARA RELAÇÕES AMOROSAS SAUDÁVEIS

⛰️Terra – Estabilidade e Enraizamento:

• Dedicar tempo a nós mesmos.
• Cada um desenvolver a sua auto valorização, autocuidado e autoconhecimento.
• Dividir tarefas diárias ou domésticas.
• Respeitar e entender os medos e inseguranças do outro.
• Definir os nossos limites e onde podemos ser flexíveis.
• Reconhecer as qualidades e pontos fracos de cada um porque não estão na vida um do outro por acaso. Estão a aprender e a evoluir de mãos dadas.

💧Água – Amor, Emoções e Fluidez:

• Entender o que está por detrás da emoção num desentendimento, seja nossa ou do outro.
• Respeitar e aceitar, o ritmo das nossas mudanças e aquilo que somos e o que o outro é. Deixamos o controlo e estagnação, e aprendemos a fluir no relacionamento com entrega e amor.
• Mais do que amar, vermo-nos no outro, nas suas águas, nas suas dores e mágoas, mas também nas suas vitórias, conquistas e desafios superados.

🔥Fogo: Paixão, Sexualidade e Ação

• Manter a chama acesa: não, não temos de deixar de estar em Lua de Mel só porque já namoramos há 5 ou 10 anos. Todos os dias recorda-te do que te fez estar com aquele parceiro(a), o que te fez apaixonar. Acende essa vela da vossa relação todos os dias.
• Trabalha a tua autoestima: se não te sentes feliz com aquilo que és e se não te aceitas, a relação vai desintegrar-se. O outro pode sustentar aquilo por um momento, ajudar-te a trabalhares isso em ti, mas não para sempre. Sem amor interior, não há amor exterior.
• Sexualidade consciente e com respeito mútuo. Compreende-te primeiro, do que gostas, e entende como o teu parceiro também gosta, e aos poucos constroem a vossa relação o melhor possível. Comunicação aberta e sem tabus. Ambos têm de entender que a relação sexual é muito mais do que orgasmos ou procriar. É um ato de entrega, partilha de energia vital e do campo energético esteja ele bom ou menos bom.
• Age quando sentes que tens de agir. Não esperes que o outro faça ou que entenda sempre. Não fiques há espera de que só um lado tome a iniciativa.

🌬️Ar – Comunicação, Expressão e Objetivos de Vida

• Comunicação consciente e aberta. O teu parceiro é o teu melhor amigo.
• A forma como te expressas. Todos os casais têm problemas na forma como comunicam. Muitos querem ter razão e são reativos. Outros são passivo agressivos e não dizem tudo o que pensam ou sentem. Por isso, é importante gerir emoções e trabalhar crenças limitantes.
• Diz sempre a verdade. Não há melhor forma de teres uma relação verdadeira. Se a verdade te levar ao fim da relação é porque não era para ser.

Em que elemento é que sentes que tens de trabalhar mais a tua relação? Ou qual o elemento que sempre falhou mais nas tuas relações?

A nossa sociedade cultivou e programou, ao longo dos anos, imensas crenças que fizeram de nós quem somos hoje e é importante termos essa consciência para podermos ressignificar – tanto internamente, como nas relações interpessoais.

Dou-vos alguns exemplos de crenças que os nossos “pais” nos passaram – crenças que me apercebi aparecerem muito no meu trabalho de desenvolvimento com homens (os círculos masculinos):

• Não falar sobre sentimentos (“Isso não é coisa de homem”)
• Desprezar comportamentos que sejam sinal de fragilidade vindo de outros homens (“Se fosses homem, não fazias isso ou fazias aquilo”)
• Mostrar coragem a qualquer custo (“Vai lá se és homem”)
• Ter a necessidade de status e poder (“O Homem é que manda”)
• Ter autocontrole das emoções que indicam vulnerabilidade (“Homem não chora”).

Culturalmente já pensaste que muitos desses padrões são passados pelas mulheres?

Cabe-nos a nos enquanto Homens e Mulheres, através do autoconhecimento e da consciência, trazer para a relação connosco e com os que nos rodeiam a nossa transformação.

A sabedoria é o conhecimento da vida e observa os únicos fatores que estão sob o teu controlo: os teus pensamentos, as tuas emoções e os teus comportamentos.

Através da integração saudável de energia masculina e feminina e ao reconhecer e valorizar essas polaridades dentro de nós e nas nossas interações, temos a chave para um futuro mais harmonioso, onde o potencial humano é plenamente realizado tanto ao nível individual como nas organizações e relações.