Quando se inicia o outono ou inverno, começam a surgir os chamados “resfriados”. Desde o ponto de vista da Macrobiótica, a preocupação não será tanto com os microrganismos causadores de doença, mas sim com o reforço da nossa capacidade de estar em contacto com eles e não adoecer, ou caso fiquemos doentes, de repor o equilíbrio para ajudar o corpo a recuperar de forma mais fácil.
Já deves ter reparado que há algumas pessoas que adoecem e outras que não, mesmo que estejam sujeitas às mesmas circunstâncias e em contacto com os mesmos vírus. Alguma vez te questionaste porque é que isto acontece?
Na Macrobiótica, a doença é vista como o esforço que o corpo está a fazer para repor o equilíbrio. Nariz a pingar, tosse, dores, vómitos, febre e muitos outros indícios são exemplo disso. Mas como podemos melhorar a capacidade de reequilibrar com mais facilidade?
A saúde é o resultado de uma construção diária, feita de hábitos mantidos com regularidade e frequência. Não se conquista de um dia para o outro nem se perde de um dia para o outro. Os remédios caseiros podem ajudar-nos em alturas de adaptação e reajuste, mas não vão criar um “solo” que resiste ao desenvolvimento de doenças.
Apesar de, quando pensamos em Macrobiótica, nos vir logo ao pensamento a alimentação, alguns dos problemas que manifestamos podem estar ligadas, também, ao nosso estilo de vida.
O nosso organismo é constituído por várias camadas: física, mental, emocional e espiritual. Estas camadas são indissociáveis e a nossa condição física depende muito da saúde de todas. Aquilo que comemos tem impacto no bem-estar mental e emocional; aquilo que pensamos, os estados emocionais pelos quais passamos, também têm impacto no corpo físico.
Existem formas de cultivar todas estas camadas e, por isso, deixo-te algumas práticas que podes usar para fortalecer a tua saúde durante todo ano e, talvez, não adoeceres no outono/inverno.
A alimentação moderna é a causa de inflamação crónica que leva a que, na altura em que é necessário reagir à presença de vírus e bactérias nocivas, o corpo esteja demasiado fragilizado para o fazer com eficácia e sem adoecer.
A primeira coisa que aconselho é fazeres uma reflexão sobre a mensagem que o teu corpo te está a entregar: ando a descansar o suficiente? Tenho tido mais ansiedade? Houve alguma mudança que me afetou a nível emocional? Acredita que é uma bênção receber estes sinais do corpo e fazer o que estiver ao nosso alcance para redirecionar a nossa trajetória.
Apesar de terem sintomas comuns, a gripe e a constipação/resfriado, não são a mesma coisa. São causados por vírus de famílias diferentes e há alguns sintomas que as distinguem. Por isso, antes de passarmos aos remédios, é importante que percebas isto: a constipação/resfriado costuma ter um início gradual e sintomas mais ligeiros, e a gripe surge de forma mais repentina e tem sintomas mais debilitantes. Para facilitar a distinção deixo-te uma lista dos sintomas mais comuns:
Sempre que sentires que estás a começar a ficar doente, recomendo que, caso não tenhas apetite, não te forces a comer; caso tenhas apetite, come de forma simples, por exemplo: sopa de miso, canja, creme de arroz ou maçã com kuzu. Descansa mais, deita-te mais cedo e dorme mais.
Os remédios caseiros ajudam a neutralizar uma condição mais ácida e a equilibrar a energia no nosso corpo. Em alguns remédios caseiros aproveitam-se propriedades reconhecidas das plantas, como o eucalipto, a casca de cebola, o gengibre ou tomilho. As plantas e os alimentos não são “medicina alternativa”, mas sim a primeira medicina que existiu.
Com os remédios caseiros estamos a equilibrar para levar o organismo a reajustar-se e a fazer o seu trabalho. Quando fazemos remédios caseiros, estamos, também, a responsabilizar-nos pela nossa saúde e a mudar aquilo que possa ter dado origem à doença.
Nota importante: As informações contidas neste artigo não substituem, de forma alguma, o diagnóstico ou tratamento profissional. Se suspeitar que sofre de uma doença grave ou de problemas que necessitam de aconselhamento médico, consulte um profissional qualificado.
O seu nome é Dulce – que é como quem diz “doce”. É mãe, formou-se e foi professora na área de Engenharia Eletrotécnica e, depois, conheceu e apaixonou-se pela Macrobiótica e pelo Alimento.
Acabou por aprofundar os seus conhecimentos, estudar e especializar-se nestes domínios – assim como no Mindfulness.
Atualmente, continua a ensinar, tem uma comunidade linda chamada Mil Grãos, dá consultas de Orientação Alimentar e de Estilo de Vida, segundo a Filosofia Macrobiótica e orienta Workshops de Culinária Macrobiótica para quem quer aprender a comer de forma não só saudável mas inteligente, nutrindo e respeitando o seu corpo e o Planeta.