Rafael Pinto segue uma dieta vegan há cinco anos — e ganhou mais de 10 quilos de massa muscular

Rafael Pinto segue uma dieta vegan há cinco anos — e ganhou mais de 10 quilos de massa muscular

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06.04.2021

É sempre bom recordar testemunhos de pessoas com histórias que podem inspirar. Não conheço pessoalmente o Rafael, mas gostei muito da entrevista que ele deu, em tempos, para a DoBem.

Qual o papel dos alimentos na nossa performance desportiva, mas também na performance da vida?

O mais importante é termos consciência de que a comida não existe apenas para ser saboreada. Ela é muito mais do que isso – tem o propósito de nutri, proteger e energizar. Se escolhermos os alimentos e as conjugações certas somos capazes de tornar o nosso corpo numa bela máquina de saúde e bem-estar

Uma alimentação que privilegia os legumes, os cereais e as leguminosas traz inúmeros benefícios. Basta sabermos o que estamos a comer.

O Rafael é um bom exemplo disso. Leiam a sua história no artigo abaixo.


Rafael Pinto tinha 16 anos quando começou a treinar no seu ginásio de garagem. Sempre teve uma paixão pelo desporto e pelo exercício físico e o seu principal objetivo, naquela altura, era definir o corpo. Não tinha equipamentos, só fazia flexões, abdominais ou corrida e chegou a pesar 55 quilos. Mais de oito anos depois, agora com 24 anos e a seguir uma dieta vegan há cinco, chegou aos 80 quilos, sendo a grande maioria de massa muscular.

O advogado, natural de Celorico de Basto, tem uma alimentação de base totalmente vegan que, garante à dobem., não teve qualquer impacto na sua performance desportiva. Muito pelo contrário, ajudou-o, inclusive, a recuperar mais rapidamente depois dos treinos. O motivo? O facto de ter uma alimentação mais variada onde as frutas e os legumes ocupam um lugar de destaque.

Aumentei o meu consumo de frutas e vegetais, muitos deles ricos em antioxidantes, que me ajudam a recuperar mais“, conta Rafael. “A minha dieta já era saudável antes, mas tornou-se ainda mais saudável, e foi por isso que consegui uma melhoria ao nível da recuperação.”

No entanto, há cinco anos, a dieta de Rafael Pinto era bem diferente. Na altura, e quanto começou a fazer desporto mais a sério, fez muita pesquisa sobre nutrição e alimentação, porque não conhecia ninguém que o pudesse aconselhar, nem tinha quem treinasse como ele. Durante a pesquisa, percebeu que o ideal para os seus objetivos era fazer uma dieta de culturismo, onde ingeria muita proteína de origem animal. “Eliminei todos os processados, não comia fritos nem doces, mas comia meio quilo de carne por dia, dois ovos, batidos de proteína de leite e achava que estava a comer de uma forma muito saudável”, recorda.

Mas tudo mudou quando, aos 19 anos e já no Porto, a estudar Direito, viu uma palestra do um médico americano, Michael Gregor, “Food as Medicina: preventing and treating the most common diseases with diet”. Na palestra, o especialista falava de vários estudos que indicavam como uma dieta integral de base vegetal, que exclui processados mas também alimentos de origem animal, poderia ajudar a prevenir as principais doenças que assolam a sociedade atual. Foi nesse momento que Rafael teve aquilo que descreve à dobem. como “a única epifania da minha vida”.

“Eu já tinha noção disto, o que não sabia era que comer produtos de origem animal em grandes quantidades, como estava a fazer, poderia estar relacionado com o maior risco de doenças”, conta, referindo que, depois de ser confrontado com esta realidade, mudou imediatamente a sua mentalidade. “Perguntava-me: ‘se não temos necessidade física e biológica de comer produtos de origem animal, então, porque é que o fazemos?’ Sempre me considerei amigo dos animais e ambientalista, e sabia do impacto desta indústria no ambiente, por isso, do dia para a noite, mudei a minha alimentação.”

Foi assim que mudou completamente a sua alimentação e passou a seguir uma dieta de culturismo, mas com base vegetal. Frutas, legumes, leguminosas e outras fontes de proteína como o tofu, a soja ou o seitan passaram a fazer parte da sua alimentação diária. Os primeiros tempos, conta, foram desafiantes, porque teve de aprender novas receitas e perceber exatamente como se conjugavam cada um daqueles alimentos. No entanto, confessa que graças a esta mudança descobriu novos alimentos, como frutos secos e sementes, e a sua dieta tornou-se muito mais variada do que antes.

A mudança física após a dieta vegan

Rafael Pinto sempre teve muita energia e vontade de fazer desporto, embora não saiba exatamente explicar de onde vem. No entanto, durante muito tempo teve alguns problemas com inflamação das articulações. Chegou mesmo a fazer análises aos marcadores inflamatórios, que revelaram valores ligeiramente mais elevados do que era esperado. Assim que mudou a sua alimentação, esse problema desapareceu. “Não gosto de dizer que foi a dieta vegan, mas sim o facto de ter começado a fazer uma dieta mais saudável e variada.”

O que também mudou foi o seu aspeto físico. No Instagram, onde Rafael conta agora com quase 22 mil seguidores, vai partilhando várias imagens onde mostra o seu antes e depois. No entanto, como revela à dobem., o tipo de treino que foi fazendo nunca mudou nestes cinco anos.

“Não mudou praticamente nada, a minha divisão de treino é a mesma desde os meus 18 anos em que faço três dias de treino e um de descanso”, conta Rafael, revelando que divide os seus treinos entre um dia de peito, ombro e tríceps, outro onde se foca nas pernas e, no último, a atenção está voltada para as costas e bíceps. Pelo meio, vai incluindo abdominais dia sim, dia não. “Acho que sou um bom exemplo de antes e depois de quem segue uma dieta vegan porque o meu treino ficou, essencialmente, igual, treinei com a mesma disciplina e cuidado mas o que aconteceu foi que, com o passar dos anos, os ganhos foram-se acumulando.”

Mas nem sempre a sua estatura física foi aquela que tem atualmente. É que, aos 16 anos, quando Rafael começou a treinar, pesava 60 quilos e tinha um foco: definir os abdominais. Com essa rotina de treino acabou por perder algum peso e chegar ao seu valor mais baixo: 55 quilos. No entanto, e tal como explica à dobem., nesta altura ainda não tinha terminado o crescimento. Mais tarde, quando começou a ter mais material, conseguiu aumentar para os 70 quilos, mais dez do que quando tinha começado.

Entretanto, teve uma lesão no ombro que acabou por ter algum impacto na sua forma física. Nessa altura perdeu bastante massa muscular e, de 73, baixou para 65 quilos. Foi nesta fase, quando estava a recuperar da lesão, que Rafael Pinto mudou o seu estilo de vida e a sua alimentação para a dieta vegan que segue atualmente. Quando voltou aos treinos, acabou por conseguir ultrapassar os 80 quilos, o seu peso mais alto até à data.

“Atualmente estou numa fase de bulk, de ganho de peso, que dura bastante tempo, entre um a dois anos, e prefiro que seja assim, mais lento, para evitar acumular muita gordura”, explica. “Depois disso, faço uma perda de peso de cerca de 16 semanas, que terminei agora, em fevereiro, e coincidiu com a altura de comunicação do livro.”

O livro de Rafael Pinto, “Saúde & Fitness Vegan” (14,40€), publicado em outubro de 2020 e que vai já na sua terceira edição. O livro, que conjuga as temáticas da ciência da saúde, o veganismo e o fitness, é o guia ideal para quem quer começar começar a seguir uma dieta de base vegetal e, ao mesmo tempo, garantir os melhores níveis de performance desportiva. Conta com mais de 1200 referências científicas que o advogado, especializado em Direito da União Europeia, foi agregando ao longo do tempo.

Além do livro, Rafael também vai partilhando todo o seu conhecimento, as suas rotinas de treino e falando sobre alimentação, especialmente sobre veganismo, no seu canal de YouTube. Durante muito tempo, revela, nunca tinha tido coragem de publicar um vídeo mas, a certo ponto, percebeu que tinha de fazer alguma coisa para retribuir todo o conhecimento que tinha vindo a adquirir com aquela comunidade. Quando se tornou vegan, criou o seu próprio canal, que conta com mais de 1 milhão de visualizações.

“Tenho pessoas que há uns anos me mandavam mensagens a criticar o estilo de vida vegan e, agora, são quase vegan.”

– Rafael Pinto

“Tornei-me um pouco mais vocal em relação a dieta e treino quando me tornei vegan”, conta o advogado. “Na altura, comecei no Instagram, que foi crescendo, e vi que estava na hora de dar o passo seguinte, porque tinha uma missão: queria não só ensinar e ajudar pessoas em relação a alimentação saudável e treino, mas queria dar o exemplo do atleta vegan. Percebi que podia fazer ativismo na causa ambiental e animal.”

Hoje em dia, Rafael Pinto recebe várias mensagens de pessoas que lhe dizem que mudaram o seu estilo de vida graças aos seus conteúdos. No entanto, as mais curiosas são as de pessoas que, em tempos, criticavam os seus ideais.

“Tenho pessoas que há uns anos me mandavam mensagens a criticar o estilo de vida vegan e, agora, são quase vegan”, revela. “É interessante ver isso, e é também gratificante saber que a mensagem está a passar. Sei que é uma mensagem que não apela às massas, mas estamos a chegar lá.”

Agora que acabou o seu mestrado em Direito da União Europeia, onde entregou uma tese relacionada com a produção sustentável de alimentos, Rafael conta que conseguiu unir três das suas maiores paixões: o veganismo, a defesa ambiental e a política alimentar na União Europeia, temas sobre os quais se quer continuar a debruçar na sua carreira futura.

Quanto aos treino, vão continuar a fazer parte da sua vida. Contudo, o foco vai ser ligeiramente diferente.

“Estou numa forma que já me deixa satisfeito e, neste momento, estou a treinar por puro prazer”, conta Rafael Pinto. “Estou numa fase de mudança e de transição na minha vida, e vejo o treino como uma meditação, para relaxar, como algo que me deixa mais produtivo. Agora, o treino não vai ser tanto para ganhar massa muscular, mas sim para fazer aquilo de que gosto, tanto que já comecei a inserir outro tipo de exercícios e também já voltei a correr.”

Isabel Silva

A Isabel Silva nasceu a 8 de maio de 1986 e é natural de Santa Maria de Lamas. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e fez uma pós-graduação em Cinema e Televisão pela Universidade Católica. Fez um curso de Rádio e Televisão no Cenjor e foi o seu trabalho como jornalista e produtora de conteúdos na Panavídeo que a levou para a televisão, em 2011. Durante 10 anos apresentou programas de entretenimento e, de forma intuitiva e natural, percebeu que aquilo que a move é a criação de conteúdos que inspirem, motivem e levem os outros a agir. Tem uma paixão enorme por comunicar e tudo o que comunica está intimamente ligado a uma vida natural carregada de energia, alegria e simplicidade.

É autora dos livros “O Meu Plano do Bem”, “A Comida que me Faz Brilhar”, “Eu sei como ser Feliz” e da coleção de livros infantis “Vamos fazer o Bem”.

Descobriu a paixão pela corrida em 2015, em particular pela distância da Maratona – 42.195m. Tem o desejo de completar a “World Marathon Majors” que inclui as 6 maiores Maratonas do Mundo. Já correu Londres, Boston, Nova Iorque e Berlim.

Esta vontade de gerar um impacto positivo nos outros levou-a a criar novas áreas de negócio, como um ginásio de eletroestimulação – o Efit Isabel Silva – uma marca de snacks saudáveis, a IncríBel e a VOA.

A 14 de Dezembro de 2016 lançou o blogue Iam Isabel e que hoje, numa versão mais madura, mas igualmente alegre e enérgica, é o canal DoBem.